Debate
organizado por estudiantes de la Facultad de Arquitectura y Urbanismo (FAU) de São
Paulo, el 6 de junio de 1968, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Torquato Neto y los poetas concretos Augusto
de Campos y Décio Pignatari.
Ana Oliveira: O que você
recorda do agressivo debate com os estudantes da Faculdade de Arquitetura da
USP (FAU), em 68?
Caetano Veloso: Os estudantes
organizaram um debate sobre Tropicalismo e convidaram Torquato, Gil, Décio,
Augusto e a mim. Na porta, os garotos entregavam um panfleto contra o
Tropicalismo, um texto de Augusto Boal escrito talvez pra Feira de Opinião, e
entregaram até pra gente. Lá dentro, em vez de deixar a gente falar e fazer o
debate como tinham proposto, jogavam banana e bombinhas de São João na nossa
cara. Foi duro. Mesmo assim discutimos, tentamos superar a agressão. Algumas
pessoas na platéia contiveram os mais exaltados. Mas todo mundo era
unanimemente contra nós. Todas as perguntas tentavam nos botar na parede. Mas
respondemos muito bem porque, modéstia à parte, tratava-se de uma mesa de
pessoas muito inteligentes.
Fonte: Tropicalia
- Um projeto de Ana de Oliveira
Caetano Veloso: Nosso impulso nasceu da percepção da
realidade musical brasileira. Antes de “Alegria, alegria” eu fazia música que
não gostava, como “Um Dia”. Tudo limitava nossa possibilidade de se aproximar do real. Fiquei
parado um ano para depois surgir com “Alegria, alegria”, já com uma visão modificada. Fomos levados a remexer a cultura
vigente consumida pelo povo brasileiro. Queremos atingir a vivência real do
brasileiro através da música.
[Folha da Tarde,
7/6/68]
Gilberto Gil: O rótulo
Tropicalismo não nos interessa, como não interessou a João Gilberto a
denominação de Bossa Nova. A palavra Tropicalismo é boa e não nos ofende. Mas
ninguém pelo rótulo sente o gosto da cachaça.
[Folha da Tarde, 7/6/68]
6/6/1968 - Os músicos Caetano Veloso e Gilberto Gil,
assessorados por Augusto de Campos promovem debate e falam sobre o movimento
Tropicalista no auditório do campus da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
(FAU), da USP, São Paulo, SP. - Foto: Acervo/Estadão
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