2025 - TENÓRIO Jr. - Presente

 

Ato cultural promovido pelo 

Espaço Cultural do BNDES

"O banco é a casa do desenvolvimento e também da democracia".

"Por isso, a justa homenagem a Tenório Jr., cuja vida e obra foram brutalmente interrompidas pela violência de uma ditadura, reafirma nosso compromisso com a memória, a cultura e a verdade histórica".

Aloizio Mercante, presidente do Banco Nacional de Desarrollo Económico e Social, 1 de outubro de 2025.

1974 - Rio de Janeiro

1 outubro, 2025 

Gil e Caetano fazem homenagem ao pianista Tenório Jr. em ato do BNDES

Evento reúne artistas e movimentos de direitos humanos da América Latina na memória do músico desaparecido na ditadura argentina

Raquel Freitas

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) promove nesta quarta-feira (1º), às 19h, um ato cultural coordenado por Gilberto Gil e com a presença de Caetano Veloso e outros artistas, em homenagem ao pianista Francisco Tenório Jr., morto e desaparecido em março de 1976, durante a ditadura militar argentina, no contexto da Operação Condor. Acompanhe na tela da Rede TVT.

A programação, coordenada pelo cantor e compositor Gilberto Gil, contará com apresentações de grandes nomes da música popular brasileira, como Caetano Veloso, Joyce Moreno e Marcos Valle. O evento também terá a participação de familiares de Tenório Jr. e de Eunice e Rubens Paiva, além de lideranças das Mães da Praça de Maio, da Argentina, e da Marcha do Silêncio, do Uruguai, dois movimentos históricos de defesa da memória e da justiça para vítimas das ditaduras militares no Cone Sul. 

Carioca de Laranjeiras, Tenório Jr. foi uma referência no samba-jazz e na bossa nova, com colaborações marcantes ao lado de Vinícius de Moraes, Toquinho, Gal Costa e Milton Nascimento. Seu corpo foi oficialmente identificado em 13 de setembro, quase cinco décadas após o desaparecimento em Buenos Aires.

Fotos: Flora Gil

Foto: Guete Oliveira

Um trio formado por Rafael Carneiro ao piano, Bruno Aguilar no contrabaixo acústico e Tutty Moreno na bateria tocou os temas "Embalo" (Tenório Jr.) e "Inútil Paisagem" (Tom Jobim e Aloysio de Oliveira), faixas do único disco autoral de Tenório Jr., o "Embalo", de 1964.

Caetano Veloso e Gilberto Gil

"Emoriô" (“eu te vejo”)

Caetano Veloso, Gilberto Gil e Joyce Moreno - Banco Nacional de Desarrollo Económico e Social (BNDES), Rio de Janeiro (Brasil)

Foto: EFE/ André Coelho

Caetano Veloso  - Homenagem a Tenório Jr.  - Banco Nacional de Desarrollo Económico e Social (BNDES), en Rio de Janeiro (Brasil). Foto: André Coelho

"Tenório me procurou quando me mudei de Salvador para o Rio de Janeiro, depois do exílio. Ia muito lá para casa e vinha insinuando que a gente fizesse um disco. Ficamos com esse plano que nunca se concretizou", disse Caetano. "Hoje estamos aqui para saudar o fato de que, pelo menos, rastros desse homem maravilhoso foram encontrados em Buenos Aires."

Gilberto Gil interpreta Soy loco por ti, América

"Não conhecemos nosso avô Tenório, mas crescemos com o peso da ausência e especulações sobre um futuro violentamente arrancado. Mas a arte ressoa e a tecla do piano nunca deixou de tocar nas nossas casas".

Sofia Cerqueira, neta de Tenório

"Nosso avô era um artista, isso fez com que sua história não caísse no esquecimento. Mas nenhuma vítima deve ser esquecida"

Marina Cerqueira, neta. 

Gilberto Gil entrega flor aos descendentes de Tenório Jr.

Foto: Leonardo Attuch

Caetano Veloso e Joyce Moreno prestam homenagem a Tenório Jr.

Foto: Leonardo Attuch

Foto: Eduardo Anizelli / Folhapress

JOYCE MORENO, 1/10/2025 Instagram

"Tenório Jr. foi um amigo querido, um pianista superlativo e grandioso, um ícone do samba-jazz. 

A noite de ontem, no teatro do BNDES, foi mais que uma simples homenagem a este músico genial: foi também assistir a um trio de craques do samba-jazz reinterpretando composições e arranjos originais de Tenório. 

Foi ouvir as falas certeiras das argentinas Mães da Plaza de Mayo e da representante das famílias de desaparecidos políticos no Uruguai. 

Foi ver o perito argentino Lucas, da ONG EAAF (Equipe Argentina de Antropologia Forense, responsável pela identificação das digitais do corpo), parafrasear Vinícius dizendo que “a ciência também é a arte do encontro”. 

Foi rever os filhos de Tenório e Carmen, que conheci ainda crianças, e escutar as falas emocionadas dos netos. Foi cantar e celebrar Tenório ao lado dos queridos Gil e Caetano. Foi muita emoção numa noite só!

A palavra “emoriô”, que Gil usa na letra desta sua parceria com João Donato (aliás, um ídolo pianístico de Tenório) significa “eu te vejo” em idioma iorubá. 

Ontem (re)vimos Tenório, de alguma forma."