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Bethânia em seu livro: “Gosto de pensar no Brasil de brasileiros extraordinários" |
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''É algo muito íntimo, muito caseiro'', diz Bethânia sobre projeto que
levará poesia às escolas” - Foto: Túlio Santos/EM/D.A Press |
Maria Bethânia reúne poesia
que lhe toca a alma em livro editado pela UFMG
'Caderno de poesias' é versão física, ricamente
ilustrada, do espetáculo que cantora baiana desenvolveu a convite da Federal de
Minas
24/12/2015
O
convite partiu da Universidade Federal de Minas Gerais, que buscava um programa
que levasse expressões artísticas - notadamente a poesia - para a sala de aula.
Era 2009, a historiadora Heloisa Maria Murgel Starling teve a ideia de convidar
Maria Bethânia para participar do projeto Sentimentos do Mundo. A proposta agradou
à cantora, que criou o espetáculo Leituras
de textos, no qual se apresentou resgatando a arte de declamar
poemas.
"Gosto de emprestar minha vida e minha voz às histórias, aos personagens
que os autores nos revelam. Aceitei fazer essa leitura porque foi criada para
casas de ensino. Acho a ideia de levar expressões artísticas para dentro de uma
sala de aula preciosa e linda", diz Bethânia, em texto publicado no
livro Caderno de poesias,
versão física da apresentação feita pela cantora em diversos palcos e salas,
editada pela mesma Universidade Federal de Minas Gerais.
Trata-se de uma delicada obra criada pelo diretor de arte
Gringo Cardia que, encantado com o projeto, promoveu o diálogo entre a poesia
escolhida por Bethânia e as artes plásticas. Assim, da mesma forma que os
versos declamados pela cantora, as ilustrações também refletem sobre o Brasil
com a reprodução de trabalhos de artistas consagrados, como Portinari e Tarsila
do Amaral, além de pintores diletantes como Dorival Caymmi.
Para completar o pacote (e
torná-lo ainda mais atraente), o livro vem acompanhado de um DVD com imagens da
apresentação de Bethânia - o disco também será vendido separadamente.
Em um alentado prefácio, a historiadora Heloisa
detalha a forma com que Bethânia elaborou uma forma própria de escrita, que
serve como instrumento para construir um olhar sobre os dilemas, os limites e a
formação social brasileira.
"Nesse livro, Maria Bethânia reafirma a
equivalência entre a chamada 'alta literatura' e as canções populares, entre o
culto à soberania da abordagem literária em sua inesgotabilidade de sentido e
de permanência, e o nosso hábito meio distraído de fazer da canção o
complemento natural da atividade cotidiana de viver", observa a escritora.
Em entrevista à reportagem na manhã da quarta, 23/12, Bethânia conta ter o hábito
de unir poemas com letras de canção, algo que faz por diversão. "Às vezes,
ouço uma canção da Marisa Monte e penso que o poema de outro autor se encaixa
bem na melodia", diz ela que, por causa disso, se sentiu inicialmente
inibida com o projeto da leitura. "No fundo, é algo muito íntimo, muito
caseiro, mas, como a finalidade é levar poesia para as escolas, acabei
aceitando."
Na conversa, Bethânia lembra da importância do encenador Fauzi Arap (1938-2013)
na descoberta da força de sua prosódia. "Foi ele quem me mostrou, pela
primeira vez, como dizer os versos com intenção, e como alinhar diferentes
fragmentos."
CADERNO DE POESIAS
Organização: Maria Bethânia
Editora: UFMG (280 páginas, R$ 69,90)
DVD:
Quitanda/Biscoito Fino
(R$ 49,90)
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