miércoles, 27 de enero de 2021

2021 - JOÃO GILBERTO/CAETANO VELOSO/GAL COSTA - CHEGA DE SAUDADE - TRÊS NA MÚSICA

















































                      































































































1971
Revista veja E LEIA
Edição n° 154
18 de agosto de 1971
Editora Abril
























1971
Revista veja E LEIA
Edição n° 158
15 de setembro de 1971
Editora Abril
























































Evêncio Martins da Quinta Filho (falecido em 18 de fevereiro de 1991), assinava como Zêgo a coluna de televisão Pois é… de A Tribuna.
































1971
Revisa VEJA
6 de outubro de 1971
Edição n° 161
Editora Abril


















Gravação inédita de João Gilberto, Caetano e Gal juntos em 1971

26/01/2021

GG Albuquerque

Jornalista e doutorando em Estéticas e Culturas da Imagem e do Som pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Escreve na Vice Brasil, Portal Kondzilla, Outros Críticos e Revista Continente e trabalhou como repórter de cultura do Jornal do Commercio e da Folha de Pernambuco.


Caetano Veloso voltou do exílio em Londres em 1972. Mas, um ano antes do retorno definitivo, o músico passou cerca de um mês no Brasil. A irmã Maria Bethânia conseguiu autorização dos militares para Caetano comemorar os 40 anos de casamento de seus pais, na Bahia. A experiência foi traumática para o músico, que foi interrogado durante horas por militares assim que pisou no País. 

Poucos meses depois, Caetano recebeu uma ligação de João Gilberto, convidando-o para vir ao Brasil tocar com ele em um especial de TV. Em sua biografia Verdade Tropical, Caetano recorda as palavras de João ao telefone: “É Deus quem está me pedindo para eu lhe chamar. Ouça bem: você vai saltar do avião no Rio, todas as pessoas vão sorrir para você. Você vai ver como o Brasil te ama”. E assim foi. 

Aproveitando uma brecha dos militares, João Gilberto reuniu Caetano Veloso e Gal Costa para tocar ao lado dele em um show especial para TV Tupi. “Vim porque João mandou”, disse Caetano à Folha de S. Paulo ao desembarcar no aeroporto de Congonhas no domingo, 8 de agosto de 1971. Naquele mesmo dia, os três músicos se reuniram no Teatro Tupi e gravaram por seis horas a fio. O resultado foi um programa de cerca de 1h30, com participação do guitarrista Lanny Gordin no violão. 

As gravações desse show agora estão entre nós, devido ao trabalho do produtor musical e pesquisador Pedro Fontes. Ele conseguiu uma fita k7 com o áudio do show, tratou o material e lançou no YouTube. A fita lhe foi cedida por Ion de Freitas Filho, que gravou tudo em fita de rolo direto da TV e depois passou para o k7. Você pode ouvir tudo em primeira mão nos vídeos abaixo. 

A fita de Ion de Freitas Filho, tratada por Pedro Fontes, é um material inédito e corresponde a 2/3 do show que foi exibido pela TV Tupi. Ion chegou a gravar a última parte do show, mas a fita foi perdida. 

De todo modo, as canções da parte final do show podem ser ouvidas separadamente no canal de Pedro Fontes. O áudio destas músicas é da fita que ficou com a Fundação Padre Anchieta, doada por Cyro Del Nero, cenógrafo que também trabalhou no especial junto com os produtores Fernando Faro e Alvaro de Moya. 

Enquanto a fita de Ion traz um material inédito, a parte final, do arquivo da Fundação Padre Anchieta, foi utilizada pelas rádios do grupo, a Cultura Brasil e Cultura FM. Mas no canal de Pedro Fontes o áudio está tratado e mais limpo. 

A Universal Music detém mais gravações daquela noite, porém não tem planos de lançá-las. Isso porque no, início dos anos 1990, João Gilberto processou a EMI (cujo catálogo hoje pertence à Universal) por adulterações em seus primeiros álbuns.


TRACKLIST


Lado A

1. AO VOLTAR DO SAMBA (Synval Silva) GAL COSTA / JOÃO GILBERTO

2. FALSA BAIANA (Geraldo Pereira) GAL COSTA

3. MEDITAÇÃO (Antonio Carlos Jobim/Newton Mendonça) GAL COSTA

4. BABY (Caetano Veloso) GAL COSTA

5. ASA BRANCA (Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira) CAETANO VELOSO

6. SAUDOSISMO (Caetano Veloso) GAL COSTA / CAETANO VELOSO

7. DESAFINADO (Antonio Carlos Jobim/Newton Mendonça) JOÃO GILBERTO 

Lado B

1. CHEGA DE SAUDADE (Antonio Carlos Jobim/Vinícius de Moraes) JOÃO GILBERTO

2. RETRATO EM BRANCO E PRETO (Antonio Carlos Jobim/Chico Buarque) JOÃO GILBERTO

3. NA ASA DO VENTO (João do Valle/Luiz Vieira) CAETANO VELOSO

4. FRUTA GOGOIA (Folclore Baiano) CAETANO VELOSO

5. VOCÊ JÁ FOI À BAHIA? (Dorival Caymmi) JOÃO GILBERTO / CAETANO VELOSO / GAL COSTA

6. LARGO DA LAPA (Marino Pinto/Wilson Batista) JOÃO GILBERTO / GAL COSTA

7. DE NOITE NA CAMA (Caetano Veloso) CAETANO VELOSO

8. A TUA PRESENÇA MORENA (Caetano Veloso) CAETANO VELOSO








 



















































Show que fez Caetano Veloso decidir voltar do exílio ressurge no YouTube

Pesquisador Pedro Fontes publicou gravações de encontro histórico entre João Gilberto, Caetano Veloso e Gal Costa, em 1971

Luccas Oliveira

31/01/2021

Uma verdadeira pedra preciosa da Música Popular Brasileira, até pouco vista como inexplorável por fãs e pesquisadores, está disponível para audição gratuita e em boa qualidade no YouTube desde a última terça-feira. Trata-se da gravação de “Chega de saudade”, um especial da TV Tupi que reuniu, em São Paulo, em agosto de 1971, João Gilberto, Caetano Veloso e Gal Costa.

O material, com 22 canções ao vivo, está disponível em áudio no canal Esqueleto Lavrador (youtube.com/esqueletolavrador), organizado pelo produtor e pesquisador musical carioca Pedro Fontes — que também realizou o tratamento do áudio.

Além da importância musical do encontro entre os três baianos, símbolos da bossa nova e da tropicália, o espetáculo tem também um significado histórico: graças a ele, Caetano Veloso, então exilado em Londres por conta da ditadura militar, decidiu que era hora de voltar para o Brasil, o que faria cinco meses depois.

É o que ele conta no livro “Verdade tropical”, narrando desde o telefonema-convite de João Gilberto, em que o criador da batida diferente garantiu que o episódio traumático de sua visita anterior ao Brasil, meses antes, para comemorar o aniversário dos pais, não se repetiria.

A premonição de João

Na primeira vinda, Caetano foi preso na escada do avião, interrogado e ameaçado por seis horas na Presidente Vargas, e transportado de camburão para a casa da irmã, Maria Bethânia. “É Deus quem está me pedindo para eu lhe chamar. Ouça bem: você vai saltar do avião no Rio, todas as pessoas vão sorrir para você. Você vai ver como o Brasil te ama”, disse João a Caetano, como este narra no livro. Depois, a confirmação do poder premonitório de João: “Não me dava o direito de descrer da palavra de João. Sobretudo não poderia desobedecer a ele (...) Ao desembarcar no Rio, tudo se deu como João Gilberto tinha profetizado. (...) Eu olhava para João com um assombro multiplicado. Ele sempre fora meu herói brasileiro, meu artista preferido na música popular moderna, mas essa ligação mágica com minha volta ao Brasil dava a ele um caráter quase sobrenatural”.

Caetano veio, reuniu-se com o ídolo e com Gal em São Paulo, e juntos gravaram por cerca de seis horas, entre músicas e bate-papo, sob direção de Fernando Faro. O poeta Augusto de Campos, um dos espectadores felizardos, descreveu o encontro entre Caetano e João como “um bate-bola íntimo entre Pelé e Garrincha”. “Os duetos foram raros, porque João também estava entre os entusiasmados apreciadores de Caetano. No fim da gravação, pediu várias vezes que ele ficasse no Brasil”, contou, à época, a revista “Veja”.

'Ritmicamente rica'

O repertório teve grandes momentos, como o número de abertura abertura com João ao violão e Gal cantando “Ao voltar do samba” — um samba de Synval Silva de 1934 que fora lançado por Carmen Miranda.

— Eu achei maravilhoso, um jeito bem “joão gilbertiano” no violão, mostrando uma influência radical da estética do canto dele. Achei rica também ritmicamente, achei bonito — comemora Gal, que se destaca ainda ao cantar, na sequência, “Falsa baiana”, “Meditação” e “Baby”. — Além disso, é muito importante que isso venha à tona, que seja lançado, porque mostra o registro de um encontro importante, que foi no período da ditadura militar. Era uma época sombria, onde tudo era proibido no Brasil.

Nos áudios disponibilizados por Fontes — divididos em dois arquivos de cerca de 30 minutos e uma playlist com sete gravações soltas —, destacam-se ainda os momentos em que João, Caetano e Gal unem forças em “Você já foi à Bahia?” e “Saudade da Bahia”, ambas de Dorival Caymmi, e “Coração vagabundo”, de Caetano; e as sessões solo de João (“Desafinado”, “Chega de saudade” e “Retrato em preto e branco”) e Caetano (“Asa branca”, “Na asa do vento”, “Fruta gogoia”, “A tua presença morena”...).

Gravação em fita da TV

As seis horas de fita viraram um especial televisivo de 1h30m com a promessa de ser lançado como álbum ao vivo. Foi João Gilberto quem vetou o lançamento fonográfico, algo permitido em contrato, e o material estava indisponível desde então. 

A sorte é que o artista plástico Ion de Freitas Filho captou em fitas o material transmitido pela TV Tupi. Após um primeiro contato em 2008, ele ficou de mandar o material para Pedro Fontes, mas só concretizou a cessão recentemente, após Fontes chamar atenção por ter subido outro raridade de João Gilberto no YouTube: uma gravação do samba-enredo da Mangueira de 1986, “Caymmi mostra ao mundo o que a Bahia e a Mangueira têm”, que João cantou num show na França em 1989. 

— Ion gravou direto da TV numa fita de rolo, dá para notar um chiado no começo da gravação, que é o barulho da fita no carretel. Ele me mandou o material já digitalizado e tratei aqui — conta Fontes, criador da festa carioca de música eletrônica Wobble e que mantém o canal Esqueleto Lavrador há nove anos, onde se destacam as preciosidades de João Gilberto. — Minha relação com a música de João estreitou após os dois shows que vi no Ibirapuera, em 2008. Comecei usando para arquivo, informalmente, mas por insistência hoje digo que sou pesquisador de João Gilberto, criei contatos com pessoas que entendem e que sabem onde achar materiais raros. 

Fontes torce para que novos materiais de João Gilberto sejam disponibilizados de forma oficial, como a gravação do último show do músico, em Salvador, em 2008, que também foi gravado. Enquanto isso, disponibiliza o que encontra para fãs como ele:

— O canal não é monetizado, não dá lucro, por isso o material não sai do ar. São coisas gravadas aqui e ali. A ideia é compartilhar tudo o que eu encontrar. Sei a minha alegria ao encontrar uma gravação com essa, e sei que ela é compartilhada.






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