miércoles, 9 de julio de 2014

2006 - QUARENTA ANOS CAETANOS



Proyecto de la grabadora Universal Music, para conmemorar los 40 años de carrera, supervisado por Caetano Veloso.




 67>74      75>82      83>94       95>07
 2006      2007       2009      2010
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CAJA n° 1
Lanzamiento: 21/12/2006
Dirección: Charles Gavin












 



CINEMA OLYMPIA
textos de Tárik de Souza

O CD Cinema Olympia rapta o camaleão Caetano do bucolismo de Cavaleiro e do ativismo político de Samba em Paz ("o samba vai vencer / quando o povo perceber / que é o dono da jogada") ambos de 1965, para um trajeto polimorfo onde ele vai testar extremos. Dos descompromissos carnavalescos de Torno a repetir (1969), Barão Beleza (Tuzé de Abreu), Pula pula (salto de sapato) (Macalé / Capinam, ambos de 1971), É coisa do destino (Moacyr de Albuquerque / Tuzé de Abreu, 1972) e Frevo do trio elétrico (Dodô e Osmar, 1973) ao explosivo confronto político com a platéia hostil de É proibido proibir, da etapa paulista do Festival Internacional da Canção de 1968. Inicialmente, ouve-se a música com todos os detalhes na gravação limpa de estúdio, e em seguida a versão ruidosa, ao vivo, literalmente desafinada, já que Caetano não conseguia ouvir o acompanhamento, tamanha a vaia. Ele para de cantar e discursa irado contra a platéia: "É a mesma juventude que sempre vai matar amanhã o velhote que morreu ontem". E antecipa a expressão patrulha ideológica: "Vocês estão querendo policiar a música brasileira".
Na antologia de gravações lançadas em compactos há dois fonogramas inéditos garimpados pelo produtor da caixa, Charles Gavin. Uma gravação de Cinema Olympia de 1969, feita para mostrar a música à Gal Costa, em 1969 e outra, animada em marcha-frevo, do Hino do Esporte Clube Bahia, com a participação especial de Gilberto Gil ao violão. Duas pérolas de 1968, raramente citadas entre as mais significativas do Tropicalismo, entram ainda na seleção: Ai de mim, Copacabana (parceria com Torquato Neto) e Yes, nós temos banana , prenunciadora ideológica do movimento, de Alberto Ribeiro e João de Barro, o Braguinha, gravada originalmente por Almirante, em 1938, exatos 30 anos antes. Outros destaques históricos da seleção estão no compacto duplo do mesmo ano, gravado ao vivo com os Mutantes. Inclui uma releitura de Baby , da versão rock Marcianita (J.I. Marcone / G. Alderete), sucesso de Sérgio Murilo de 1960, e o lançamento dos manifestos Saudosismo e A voz do morto. Neste é citado Paulinho da Viola, de que Caetano relê ao vivo Tudo se transformou, no palco do Phono 73. Do ano anterior é Cada macaco no seu galho (Riachão) com Gil nos vocais, escudo de Caetano às cobranças em sua volta do exílio.
Por fim, um encontro letal, em 1969, com o autor Jorge Ben (ainda sem o Jor), que alicerça no violão e em falsete Charles, anjo 45, crônica premonitória da guerra civil social do pais.
























CAJA n° 2
Lanzamiento: 04/04/2007
Dirección: Charles Gavin





 



PIPOCA MODERNA
textos de Ana Maria Bahiana


Entre as raridades pescadas por Charles Gavin nos arquivos da Universal Music estão varias gravações inéditas, algumas delas feitas possivelmente como demos para seus interpretes amigos, modos de mostrar a eles – com bastante eloqüência, aliás – uma nova peça para seus repertórios. É o caso da cuidadosa versão de Nature boy feita para Ney Matogrosso, com o titulo Encantado e uma letra que é uma verdadeira reconstrução temática, utilizando os finos ouros da língua portuguesa; do blues Escândalo, feito na medida para a voz soul de Ângela Rô Rô; do chorinho Diamante verdadeiro, irônica observação do high-society movido a champanhe e pó, composto para a voz de Maria Bethânia.

Uma versão bem suingada de Mamãe natureza, de Rita Lee, teria sido gravada para o álbum Qualquer Coisa e deixada na prateleira - os luxos da fartura! Let it bleed, dos Rollng Stones, uma favorita de Caetano desde os tempos de Londres, aparece numa versão ao vivo, com Caetano se divertindo com todas as inflexões da letra safada de Jagger & Richards. Ao vivo também é uma seqüência últra-sentimental que emenda a dor-de-cotovelo de Tom Jobim e Dolores Duran em Por causa de você com o doce langor lusitano de Uma casa portuguesa (sinapses, assim, que hoje deliciam mas não surpreendem quase ninguém, deixavam a mocidade louca nos idos de 1976, como se pode ouvir na gravação).

A mocidade também enlouquecia com Caetano carnavalesco - assinando embaixo da eletricidade momesca e criando o refrão que colou em todos os ouvidos em fevereiro de 1979: “vai ter que dar, vai ter que dar! (odara )”, frase-chave do compacto Massa Real.

Outras canções lançadas em compactos como Samba da cabeça e Armandinho - ambas composições de Caetano - e temas de filmes como Pecado original para o megassucesso A Dama do Lotação, estrelado por Sonia Braga, Luz do sol, do filme Índia, a Filha do Sol, de Fábio Barreto (a "glória da vida" da letra é tanto a glória mesmo quanto Glória Pires, que faz o papel-título), Amante amado, de Jorge Ben (sem o Jor), para Na Boca do Mundo e o frevo Bom é batuta, de Carlos Fernando, para Asas da América, completam esta jornada pelo lado menos conhecido de uma etapa fascinante na carreira do compositor e intérprete.


CAJA n° 3
Lanzamiento: Junio de 2009
Dirección: Rodrigo Faour










CERTEZA DA BELEZA
textos de Carlos Calado

Garimpadas por Rodrigo Faour, as 20 faixas desta compilação permitem acompanhar ao longo da década de 80 o amadurecimento de Caetano como intérprete. Além de reunir gravações especialmente feitas por ele para o cinema, para TV ou para o teatro, esta coletânea resgata também suas aparições em discos de diversos compositores e cantores da cena da música popular brasileira daquela época. Com o passar do tempo essas gravações se tornaram raras. Muitas nem chegaram a ser lançadas em CD até esta edição.

Esse é o caso de Falou, amizade, ijexá de Caetano lançado no filme Dedé Mamata (1988), cujos versos projetam "um país mais divino, masculino, feminino e plural". Também de linhagem afrobaiana, a bela Milagres do povo, que foi gravada posteriormente por Gal Costa, Margareth Menezes e Daniela Mercury aparece aqui na versão original do compositor para a minissérie Tenda dos Milagres (1985). Proibido pela Censura da época, o samba Merda (título inspirado na expressão que os artistas da área teatral usam para desejar boa sorte) foi composto por Caetano para a peça Miss Banana ( 1986).

Já em outras gravações originárias de trilhas sonoras, Caetano surge somente como intérprete. Elogia as belezas do Rìo de Janeiro, emprestando sabor de bossa nova à popular marchinha Cidade maravilhosa (André filho), incluída na novela O Dono do Mundo (1991). Com a mesma doçura interpreta o clássico samba Isto aqui o que é (Ary Barroso), que integra a trilha do folhetim televisivo Vale Tudo (1988). Antes desse, Caetano já havia gravado a filosófica Preciso aprender a só ser (Gilberto Gil) para a novela Brega & Chique (1987). Preciosa também é sua versão de Acalanto (Edu Lobo e Paulo César Pinheiro), incluída na trilha do programa infantil Rá-tim-bum ( 1991).

Gravado ao vivo no musical que Caetano e Chico Buarque apresentaram juntos por alguns meses na TV Globo, em 1986, o samba Festa imodesta é a mais popular das parcerias que o tropìcalista dívide aqui com alguns craques da música brasileira Milton Nascimento, na lírica As várias pontas de uma estrela, Beto Guedes na canção Luz e mistério, Mestre Marçal, no samba Peço a Deus e Luiz Caldas, na toada pop É tão bom. Ou ainda a cantora Eugénia Melo e Castro, portuguesa "naturalizada" pela MPB, que compôs com Caetano a sensível Coração imprevisto.

A seleção abrange também participações de Caetano em discos de músicos de suas bandas, como o baterista Vinicius Cantuária (no rock Banda nova) e o baixista Moacyr Albuquerque (no frevo Pra valer). Sem falar no compositor e cantor Péricles Cavalcanti, que já na década de 60 integrava o círculo de amizades dos tropicalistas. É dele a autoria da canção pop Meu bolero, cujos vocais divide com Caetano.

Igualmente saborosas são as aparições de Caetano em gravações de artistas menos conhecidos do grande público. A cantora carioca Telma Costa (morta prematuramente em 1989) incluiu em seu álbum de estréia a romântica bossa nova Certeza da beleza, de Caetano, que intitula esta compilação.

O violonista paulista Maríto Correa, que continua na ativa, assina outra bossa: Asa delta, que Caetano interpreta com a necessária leveza. Contagìante também é a levada latina de Velhicidade, parceria de Péricles Cavalcanti com o paulista Carlos Mendes (filho do compositor de vanguarda Gilberto Mendes), que em sua estréia fonográfica também contou com os vocais de Caetano.

Para fechar o desfile de raridades, há ainda o festivo frevo Noites olindenses, gravado por Caetano para Asas da América, precioso projeto de modernização desse gênero musical realizado pelo compositor pernambucano Carlos Fernando. Mais uma demonstração de que Caetano continuou cultivando, como cantor e compositor, a diversidade musical que abraçou nos anos rebeldes da Tropicália.

PS. I: Milagres do povo, Falou, amizade, Certeza da beleza, Coração imprevisto, As várias pontas de uma estrela, Luz e mistério, Festa imodesta e Merda, composições de Caetano Veloso incluídas nesta compilação, não fazem parte de seus álbuns de carreira.

PS. 2: Embora tenha sido gravada em 1982, a faixa As várias pontas de uma estrela aparece aqui porque não pôde ser incluída na caixa anterior.



CAJA n° 4
Lanzamiento: Junio de 2010
Dirección: Rodrigo Faour






QUE DE-LINDO
Textos Rodrigo Faour

Esta compilação de faixas avulsas, Que De-Lindo, teve o nome retirado de uma versão de Carlos Rennó para a canção It's de-lovely, de Cole Porter, gravada para um projeto somente com versões da obra de Gershwin e Porter, ern 2000. é o tal Caetano interprete que se mostra suave e bossanovista neste numero, bem como na ancestral Faixa de cetim, do genial Ary Barroso - lançada por Orlando Silva, "O cantor das multidões", em 1942 -, e regravada no songbook dedicado a obra do compositor mineiro, produzido pelo saudoso Almir Chediak. Ainda mais suave é sua participação na faixa Céu de Santo Amaro, escrita por outro autor mineiro, Flávio Venturini, do Clube da Esquina, baseada num tema clássico de Bach, homenageando a cidade onde o colega baiano viveu sua infância e adolescência. Nesse clima interiorano, há um dueto com a irmã Maria Bethânia em O canto de Dona Sinhá (Vanessa da Matta).
Mas nem sempre o Caetano interprete é cool. Ele mostra o quanto seu canto amadureceu em interpretações tão distintas quanto a do hino dos bichos-grilos Maluco beleza (Raul Seixas e Cláudio Roberto) e a visceral Vá morar com o diabo (do conterrâneo e decano sambista Rachão, que divide a faixa com ele), passando pelo dueto explosivo com o mestre Cauby Peixoto num Cheek to cheek (Irving Berlin) em ritmo de salsa, pelo divertido carimbó Pedra de responsa, de Chico César e Zeca Baleiro, entoado com a diva Alcione, e ainda pegando uma carona no delicioso Calhambeque, hit inicial do rei Roberto Carlos, gravado em homenagem aos 30 anos da Jovem Guarda, comemorados em 1995.
O clima afro-axé-baiano que Caetano tanto cultuou, principalmente a partir de sua gravação de Meia-lua inteira, em 1989, esta mais presente do que nunca nesta fase de sua discografia. Seja em números que atua apenas interpretando, como Margarida perfumada (de Carlinhos Brown e Cícero Menezes, hit da Timbalada no carnaval de 1996), Machado de Xangô (Saul Barbosa e Jaime Sodré) e Vestido de prata (Jorge Alfredo), esta última em dueto com a diva afro-pop-brasileira, Margareth Menezes, como em outras que ele próprio compôs, como na faixa de abertura deste CD, A luz de Tieta, em dueto com a amiga de velhos carnavais, Gal Costa, e Ó pai, ó (parceria com Davi Moraes), ao lado do baiano de novos carnavais, Jauperi - ambas, faixas que assinou, respectivamente, para os filmes "Tieta do Agreste" (Cacá Diegues, 1996) e "Ó Pal, Ó " (Monique Gardenberg, 2007).
Além das películas citadas, Caetano esteve presente nas trilhas do filme "O Quatrilho", de Fábio Barreto (1995), entre outras, com a belíssima Merica, Merica (composta por ele em italiano) e "Lisbela e o Prisioneiro", de Guel Arraes (2003), nesta interpretando Você não me ensinou a te esquecer - gravada originalmente por um ícone da chamada música brega-romântica dos anos 70, Fernando Mendes -, que chegou aos primeiros lugares da parada de sucesso, tal e qual ocorrera alguns anos antes com sua versão para a balada Sozinho, de Peninha.
Composições de Caetano nunca gravadas por ele em seus discos de carreira também não foram esquecidas neste CD, a começar pela pioneira Boa palavra. Lançada em 1966, por Maria Odette, no II Festival de Música Popular da TV Excelsior, ela está de volta numa regravação dos dois, realizada trinta anos depois. O fundo, registrada inicialmente por Leila Pinheiro em 1986, marca presença aqui num dueto com o piano de seu parceiro João Donato, realizado para o songbook do compositor, em 99. Mais contemporânea, a pop Meus telefonemas foi composta em parceria com o pessoal do grupo Afroreggae (LG, Cláudio Radikal, Dinho, José Júnior e Jairo), em 2001, e regravada em dueto com a paulista Negra Li, em seu segundo CD.
São essas 20 preciosidades que compõem Que De-Lindo, um disco que realmente é uma delicia, uma lindeza - caetanicamente falando, se é que me entendem.











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