Proyecto de la grabadora Universal Music, para conmemorar los 40 años de carrera, supervisado por Caetano Veloso.
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CAJA n° 1
CINEMA OLYMPIA
textos de Tárik de Souza
O CD Cinema Olympia rapta o camaleão Caetano do bucolismo
de Cavaleiro e do ativismo político de Samba em Paz ("o samba vai vencer / quando o povo
perceber / que é o dono da jogada") ambos de 1965, para um trajeto
polimorfo onde ele vai testar extremos. Dos descompromissos carnavalescos de Torno a repetir (1969), Barão Beleza (Tuzé de
Abreu), Pula pula (salto de sapato) (Macalé / Capinam, ambos de 1971), É coisa do destino (Moacyr
de Albuquerque / Tuzé de Abreu, 1972) e Frevo do trio elétrico (Dodô e Osmar, 1973) ao explosivo confronto político com
a platéia hostil de É proibido
proibir, da
etapa paulista do Festival Internacional da Canção de 1968. Inicialmente,
ouve-se a música com todos os detalhes na gravação limpa de estúdio, e em
seguida a versão ruidosa, ao vivo, literalmente desafinada, já que Caetano não
conseguia ouvir o acompanhamento, tamanha a vaia. Ele para de cantar e discursa
irado contra a platéia: "É a mesma juventude que sempre vai matar amanhã o
velhote que morreu ontem". E antecipa a expressão patrulha ideológica:
"Vocês estão querendo policiar a música brasileira".
Na antologia de gravações lançadas em
compactos há dois fonogramas inéditos garimpados pelo produtor da caixa,
Charles Gavin. Uma gravação de Cinema Olympia de 1969,
feita para mostrar a música à Gal Costa, em 1969 e outra, animada em
marcha-frevo, do Hino do
Esporte Clube Bahia, com a
participação especial de Gilberto Gil ao violão. Duas pérolas de 1968,
raramente citadas entre as mais significativas do Tropicalismo, entram ainda na
seleção: Ai de mim, Copacabana (parceria com Torquato Neto) e Yes, nós temos banana , prenunciadora ideológica do movimento,
de Alberto Ribeiro e João de Barro, o Braguinha, gravada originalmente por
Almirante, em 1938, exatos 30 anos antes. Outros destaques históricos da
seleção estão no compacto duplo do mesmo ano, gravado ao vivo com os Mutantes.
Inclui uma releitura de Baby , da
versão rock Marcianita (J.I. Marcone
/ G. Alderete), sucesso de Sérgio Murilo de 1960, e o lançamento dos manifestos
Saudosismo e A
voz do morto. Neste é citado Paulinho da Viola, de que Caetano relê ao vivo
Tudo se transformou, no palco do
Phono 73. Do ano anterior é Cada macaco
no seu galho (Riachão) com Gil nos vocais, escudo de Caetano às cobranças
em sua volta do exílio.
Por fim, um encontro letal, em 1969, com
o autor Jorge Ben (ainda sem o Jor), que alicerça no violão e em falsete Charles, anjo 45, crônica premonitória
da guerra civil social do pais.
CAJA n° 2
Lanzamiento: 04/04/2007
Dirección: Charles Gavin
PIPOCA MODERNA
textos de Ana Maria Bahiana
Entre as
raridades pescadas por Charles Gavin nos arquivos da Universal Music estão
varias gravações inéditas, algumas delas feitas possivelmente como demos para seus interpretes amigos, modos de mostrar a
eles – com bastante eloqüência, aliás – uma nova peça para seus repertórios. É
o caso da cuidadosa versão de Nature boy
feita para Ney Matogrosso, com o titulo Encantado
e uma letra que é uma verdadeira reconstrução temática, utilizando os finos ouros
da língua portuguesa; do blues Escândalo,
feito na medida para a voz soul de Ângela Rô Rô; do
chorinho Diamante verdadeiro, irônica
observação do high-society movido a champanhe e pó,
composto para a voz de Maria Bethânia.
Uma
versão bem suingada de Mamãe natureza, de
Rita Lee, teria sido gravada para o álbum Qualquer Coisa e deixada na
prateleira - os luxos da fartura! Let it bleed,
dos Rollng Stones, uma favorita de Caetano desde os tempos de Londres, aparece
numa versão ao vivo, com Caetano se divertindo com todas as inflexões da letra
safada de Jagger & Richards. Ao vivo também é uma seqüência
últra-sentimental que emenda a dor-de-cotovelo de Tom Jobim e Dolores Duran em Por causa de você com o doce langor lusitano de Uma casa portuguesa (sinapses, assim, que hoje
deliciam mas não surpreendem quase ninguém, deixavam a mocidade louca nos idos
de 1976, como se pode ouvir na gravação).
A
mocidade também enlouquecia com Caetano carnavalesco - assinando embaixo da
eletricidade momesca e criando o refrão que colou em todos os ouvidos em
fevereiro de 1979: “vai ter que dar, vai ter que dar! (odara )”, frase-chave do
compacto Massa Real.
Outras
canções lançadas em compactos como Samba da cabeça
e Armandinho - ambas composições de Caetano -
e temas de filmes como Pecado original para o
megassucesso A Dama do Lotação, estrelado por Sonia
Braga, Luz do sol, do filme Índia, a Filha do Sol, de Fábio Barreto (a "glória da
vida" da letra é tanto a glória mesmo quanto Glória Pires, que faz o
papel-título), Amante amado, de Jorge Ben
(sem o Jor), para Na Boca do Mundo e o frevo Bom é batuta, de Carlos Fernando, para Asas da América, completam esta jornada pelo lado menos
conhecido de uma etapa fascinante na carreira do compositor e intérprete.
CAJA n° 3
Lanzamiento: Junio de 2009
Dirección: Rodrigo Faour
CERTEZA DA BELEZA
textos de Carlos Calado
Garimpadas por Rodrigo Faour, as 20
faixas desta compilação permitem acompanhar ao longo da década de 80 o
amadurecimento de Caetano como intérprete. Além de reunir gravações
especialmente feitas por ele para o cinema, para TV ou para o teatro, esta
coletânea resgata também suas aparições em discos de diversos compositores e
cantores da cena da música popular brasileira daquela época. Com o passar do
tempo essas gravações se tornaram raras. Muitas nem chegaram a ser lançadas em
CD até esta edição.
Esse é o caso de Falou,
amizade, ijexá de Caetano lançado no filme Dedé Mamata
(1988), cujos versos projetam "um país mais divino, masculino, feminino e
plural". Também de linhagem afrobaiana, a bela Milagres
do povo, que foi gravada posteriormente por Gal Costa, Margareth
Menezes e Daniela Mercury aparece aqui na versão original do compositor para a
minissérie Tenda dos Milagres (1985). Proibido pela Censura da época, o
samba Merda (título inspirado na expressão
que os artistas da área teatral usam para desejar boa sorte) foi composto por
Caetano para a peça Miss Banana ( 1986).
Já em outras gravações originárias de
trilhas sonoras, Caetano surge somente como intérprete. Elogia as belezas do
Rìo de Janeiro, emprestando sabor de bossa nova à popular marchinha Cidade maravilhosa (André filho), incluída na
novela O Dono do Mundo (1991). Com a mesma doçura interpreta o clássico
samba Isto aqui o que é (Ary Barroso), que
integra a trilha do folhetim televisivo Vale Tudo (1988). Antes desse,
Caetano já havia gravado a filosófica Preciso aprender a
só ser (Gilberto Gil) para a novela Brega & Chique
(1987). Preciosa também é sua versão de Acalanto
(Edu Lobo e Paulo César Pinheiro), incluída na trilha do programa infantil Rá-tim-bum
( 1991).
Gravado ao vivo no musical que Caetano e
Chico Buarque apresentaram juntos por alguns meses na TV Globo, em 1986, o
samba Festa imodesta é a mais popular das
parcerias que o tropìcalista dívide aqui com alguns craques da música
brasileira Milton Nascimento, na lírica As várias pontas
de uma estrela, Beto Guedes na canção Luz e
mistério, Mestre Marçal, no samba Peço a Deus
e Luiz Caldas, na toada pop É tão bom. Ou ainda
a cantora Eugénia Melo e Castro, portuguesa "naturalizada" pela MPB,
que compôs com Caetano a sensível Coração imprevisto.
A seleção abrange também participações
de Caetano em discos de músicos de suas bandas, como o baterista Vinicius
Cantuária (no rock Banda nova) e o baixista
Moacyr Albuquerque (no frevo Pra valer). Sem
falar no compositor e cantor Péricles Cavalcanti, que já na década de 60
integrava o círculo de amizades dos tropicalistas. É dele a autoria da canção
pop Meu bolero, cujos vocais divide com
Caetano.
Igualmente
saborosas são as aparições de Caetano em gravações de artistas menos conhecidos
do grande público. A cantora carioca Telma Costa (morta prematuramente em 1989)
incluiu em seu álbum de estréia a romântica bossa nova Certeza
da beleza, de Caetano, que intitula esta compilação.
O violonista paulista Maríto Correa, que
continua na ativa, assina outra bossa: Asa delta,
que Caetano interpreta com a necessária leveza. Contagìante também é a levada
latina de Velhicidade, parceria de Péricles
Cavalcanti com o paulista Carlos Mendes (filho do compositor de vanguarda
Gilberto Mendes), que em sua estréia fonográfica também contou com os vocais de
Caetano.
Para fechar o desfile de raridades, há
ainda o festivo frevo Noites olindenses,
gravado por Caetano para Asas da América, precioso projeto de
modernização desse gênero musical realizado pelo compositor pernambucano Carlos
Fernando. Mais uma demonstração de que Caetano continuou cultivando, como
cantor e compositor, a diversidade musical que abraçou nos anos rebeldes da
Tropicália.
PS. I: Milagres do povo, Falou, amizade, Certeza da
beleza, Coração imprevisto, As várias pontas de uma estrela, Luz e mistério,
Festa imodesta e Merda, composições de Caetano Veloso incluídas
nesta compilação, não fazem parte de seus álbuns de carreira.
PS. 2: Embora tenha sido gravada em 1982, a faixa As várias pontas de uma estrela aparece aqui porque não pôde ser incluída na caixa anterior.
PS. 2: Embora tenha sido gravada em 1982, a faixa As várias pontas de uma estrela aparece aqui porque não pôde ser incluída na caixa anterior.
CAJA n° 4
Lanzamiento: Junio de 2010
Dirección: Rodrigo Faour
QUE DE-LINDO
Textos Rodrigo Faour
Esta compilação de faixas avulsas, Que De-Lindo, teve o nome retirado de uma versão de Carlos Rennó para a canção It's de-lovely, de Cole Porter, gravada para um projeto somente com versões da obra de Gershwin e Porter, ern 2000. é o tal Caetano interprete que se mostra suave e bossanovista neste numero, bem como na ancestral Faixa de cetim, do genial Ary Barroso - lançada por Orlando Silva, "O cantor das multidões", em 1942 -, e regravada no songbook dedicado a obra do compositor mineiro, produzido pelo saudoso Almir Chediak. Ainda mais suave é sua participação na faixa Céu de Santo Amaro, escrita por outro autor mineiro, Flávio Venturini, do Clube da Esquina, baseada num tema clássico de Bach, homenageando a cidade onde o colega baiano viveu sua infância e adolescência. Nesse clima interiorano, há um dueto com a irmã Maria Bethânia em O canto de Dona Sinhá (Vanessa da Matta).
Mas nem sempre o Caetano interprete é cool. Ele mostra o quanto seu canto amadureceu em
interpretações tão distintas quanto a do hino dos bichos-grilos Maluco beleza (Raul Seixas e Cláudio Roberto) e a visceral
Vá morar com o diabo (do conterrâneo e decano
sambista Rachão, que divide a faixa com ele), passando pelo dueto explosivo com
o mestre Cauby Peixoto num Cheek to cheek (Irving
Berlin) em ritmo de salsa, pelo divertido carimbó Pedra de
responsa, de Chico César e Zeca Baleiro, entoado com a diva Alcione, e
ainda pegando uma carona no delicioso Calhambeque,
hit inicial do rei Roberto Carlos, gravado em homenagem aos 30 anos da Jovem
Guarda, comemorados em 1995.
O clima afro-axé-baiano que Caetano
tanto cultuou, principalmente a partir de sua gravação de Meia-lua
inteira, em 1989, esta mais presente do que nunca nesta fase de sua
discografia. Seja em números que atua apenas interpretando, como Margarida perfumada (de Carlinhos Brown e Cícero Menezes,
hit da Timbalada no carnaval de 1996), Machado de Xangô
(Saul Barbosa e Jaime Sodré) e Vestido de prata
(Jorge Alfredo), esta última em dueto com a diva afro-pop-brasileira, Margareth
Menezes, como em outras que ele próprio compôs, como na faixa de abertura deste
CD, A luz de Tieta, em dueto com a amiga de velhos
carnavais, Gal Costa, e Ó pai, ó (parceria com Davi
Moraes), ao lado do baiano de novos carnavais, Jauperi - ambas, faixas que
assinou, respectivamente, para os filmes "Tieta do Agreste" (Cacá
Diegues, 1996) e "Ó Pal, Ó " (Monique Gardenberg, 2007).
Além das películas citadas, Caetano
esteve presente nas trilhas do filme "O Quatrilho", de Fábio Barreto
(1995), entre outras, com a belíssima Merica, Merica
(composta por ele em italiano) e "Lisbela e o Prisioneiro", de Guel
Arraes (2003), nesta interpretando Você não me ensinou a te
esquecer - gravada originalmente por um ícone da chamada música
brega-romântica dos anos 70, Fernando Mendes -, que chegou aos primeiros
lugares da parada de sucesso, tal e qual ocorrera alguns anos antes com sua
versão para a balada Sozinho, de Peninha.
Composições de Caetano nunca gravadas por
ele em seus discos de carreira também não foram esquecidas neste CD, a começar
pela pioneira Boa palavra. Lançada em 1966, por
Maria Odette, no II Festival de Música Popular da TV Excelsior, ela está de
volta numa regravação dos dois, realizada trinta anos depois. O fundo, registrada inicialmente por Leila Pinheiro em
1986, marca presença aqui num dueto com o piano de seu parceiro João Donato,
realizado para o songbook do compositor, em 99. Mais
contemporânea, a pop Meus telefonemas foi composta
em parceria com o pessoal do grupo Afroreggae (LG, Cláudio Radikal, Dinho, José
Júnior e Jairo), em 2001, e regravada em dueto com a paulista Negra Li, em seu
segundo CD.
São essas 20 preciosidades que compõem Que De-Lindo, um disco que realmente é uma delicia,
uma lindeza - caetanicamente falando, se é que me entendem.
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