martes, 3 de marzo de 2020

2019 - GENETON - Viver de ver o verde mar


Geneton Moraes Neto
Jornalista e escritor brasileiro

[Recife, 13 de julho de 1956 - Rio de Janeiro, 22 de agosto de 2016]



Caetano escreve sobre a morte do jornalista Geneton Moraes Neto: "Geneton era um repórter adolescente quando o conheci. Gostei dele imediata e imensamente. Depois, fiquei tão impressionado com a honradez que ele demonstrou ao publicar nosso diálogo (eu tinha dito alguma coisa que soaria picante se fosse usada por um jornalista ordinário, e ele, tendo entendido o sentido respeitoso com que foi dito o que eu disse, nem publicou a frase arriscada), fiquei mesmo tão grato à sua grandeza que, para deixar para trás um período de dois anos em que me recusava a conceder entrevista a qualquer veículo da imprensa (muita agressão gratuita e muita inverdade oportunista se lia nas páginas dedicadas à música), escolhi falar com ele, e só com ele, para reiniciar um diálogo normal com a confusão dos cadernos B. A impressão que o garoto pernambucano me causara e a percepção de sua inteligência honesta só fizeram crescer ao longo dos anos. Se o jornalismo brasileiro tem algo de que se orgulhar, Geneton o representa melhor que ninguém - se não for exemplo único. Eu o adorava. Fiquei tristíssimo hoje ao saber que ele tinha morrido. Eu nem sabia que ele estava doente. Como disse Fernando Salem, essa é 'a notícia que mata a notícia. Quando morre um verdadeiro jornalista a verdade fica triste'".

[Caetano Veloso, 22/8/2016, Facebook]






31/8/2019






Literatura

Livro resgata vida e obra do pernambucano Geneton Moraes Neto

Por: Emannuel Bento
Publicado em: 30/08/2019



O gênero literário biografia pode fascinar por narrar um apanhado cronológico da vida de uma personalidade célebre. O livro Geneton - Viver de ver o verde mar (Cepe, 246 páginas) transcorre a trajetória de Geneton Moraes Neto, mas agrega inúmeras características que o torna uma biografia diferente. Ana Farache e Paulo Cunha, que assinam o conteúdo, foram amigos próximos do pernambucano e imprimiram uma visão diferenciada de um dos jornalistas mais respeitados da história brasileira. Juntos, criaram uma “biografia ensaística”, mais intimista e experimental.

O evento de lançamento será neste sábado (31/8), às 19h, no Cinema da Fundação/Museu (Av. Dezessete de Agosto, 2187, Casa Forte). Antes, às 16h, será exibido o documentário Cordilheiras no mar: A fúria do fogo bárbaro (2015), centrado no lado político de Glauber Rocha. O livro é resultado de dois anos de uma pesquisa que envolveu 68 entrevistas com familiares, amigos e colegas de trabalho, levantamento de suas matérias, acesso a diários, textos inéditos e imagens de arquivo.

Geneton Moraes Neto iniciou a carreira ainda na pré-adolescência, escrevendo para o suplemento infantil Júnior, do Diario de Pernambuco, no começo da década de 1970. Nos anos seguintes, também trabalhou na sucursal nordestina de O Estado de S. Paulo e na Rede Globo, como editor das atrações Jornal da Globo, Jornal Nacional e Fantástico.

Nos anos 1970, Geneton começou a produzir curtas-metragens no formato super-8, sob influência de Fernando Spencer, crítico de cinema do Diario. Deu vida a um cinema alternativo e marginal que logo se tornou febre geracional na década. A ideia para a realização do livro Viver de ver o verde mar surgiu, na verdade, quando Geneton ainda era vivo, em 2014. A proposta era escrever justamente sobre seu legado no cinema, mas o projeto foi negado pelo Funcultura. Quando ele veio a falecer, em agosto de 2016, Farache e Cunha retomaram a ideia como uma biografia, que foi aceita pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe).

“O livro nasceu do afeto e da admiração”, diz Paulo Cunha, pesquisador e professor titular aposentado da UFPE. “É muito provável que, se outro autor decidisse fazer uma biografia, seria relativamente diferente da nossa. Esse livro tem marcas da nossa proximidade, apesar do reforço de documentar tudo. Nós consultamos milhares de documentos. A proximidade também facilitou o acesso a coisas que ninguém sabia que existia, que estavam guardadas em sua antiga casa no Rio de Janeiro. Sua família teve uma generosidade enorme ao nos receber, justamente porque sabia que iríamos fazer o trabalho com respeito.”

“Entrevistamos pessoas que o conheciam na época do Junior, até os colegas mais recentes do Rio. A família dele simplesmente abriu sua antiga casa no Rio. No quarto, encontramos um material muito rico, tendo acesso a diários dele que exprimem sentimentos. Livros em que ele guardava suas pautas, alguns autógrafos que recolheu. Memórias que preservam sua vida de repórter”, conta a jornalista e fotógrafa Ana Farache, atual coordenadora do Cinema do Museu, da Fundação Joaquim Nabuco.

Paulo Cunha, que chegou a codirigir dois curtas com Geneton, ressalta que ele foi um cineasta incrivelmente talentoso, rompendo com os limites entre cinema e televisão. "O nosso livro procura realçar todas as dimensões de Geneton: cineasta, viajante, jornalista, poeta”, explica. Em 2010, associando cinema e jornalismo, Moraes Neto passou a dirigir documentários num formato novo. Fez Canções do exílio, exibido no Canal Brasil, com depoimentos de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Jorge Mautner e Jards Macalé sobre o período em que viveram em Londres, exilados da ditadura no Brasil.

“Foi muito legal fazer esse livro, apesar de sempre carregar um lado de tristeza que nunca pensamos que iríamos carregar. Percebemos que Geneton deixou boas lembranças nas pessoas. Ele era uma pessoa doce, paciente. Foi também um professor, por nunca negar convites para falar com estudantes, turmas e jornalistas em início de carreira. Tudo isso com um zelo muito grande pelas palavras. Ele costumava dizer: ‘Não importa se for um guerrilheiro ou torturado, vou com a mesma curiosidade e o mesmo respeito. Quero dar voz independentemente de decisões pessoais, políticas ou estéticas’.”





     Segunda-feira, 2 de março de 2020


CADERNO B

Biografia de Geneton Moraes Neto será lançada amanhã



Referência para gerações de profissionais, Geneton se dizia 
do "Partido dos Perguntadores do Brasil". 
Ele morreu em 2016, aos 60 anos.
Na foto com um dos seus entrevistados, o cineasta Woody Allen



Biografia de Geneton Moraes Neto, dos grandes jornalistas do nosso tempo, será lançada amanhã no Rio


Editado pela Cepe e escrito pelos jornalistas Ana Farache e Paulo Cunha, livro revela textos e imagens inéditas


A biografia de um dos mais notáveis jornalistas brasileiros, referência para gerações de profissionais e que também deu considerável colaboração à produção cinematográfica pernambucana será lançada amanhã na livraria Travessa, no Leblon.

O livro "Geneton, Viver de Ver o Verde Mar", escrito pelos jornalistas Ana Farache e Paulo Cunha, é resultado de um intenso trabalho de pesquisa realizado ao longo de dois anos, e que contou com a participação direta da família e de dezenas de amigos que o recifense Geneton (1956-2016) cativou ao longo de sua vida.
A capa do livro - Foto: Divulgação

Em 246 páginas, o livro revela a vida e a trajetória de sucesso do escritor, jornalista e cineasta. Um mosaico composto por mais de 60 fotos, memórias do arquivo pessoal, documentos garimpados, além de quase 70 depoimentos de amigos e colegas de trabalho. Fotos e textos inéditos - como os produzidos por Geneton para o seu diário pessoal entre os anos de 1977 e 1985 – estão entre as boas surpresas.

Paixão e inquietude alimentaram boa parte dos pródigos 60 anos de vida de Geneton Moraes Neto - que começou a trabalhar aos 14 anos como colaborador do suplemento infantil do "Diario de Pernambuco", passando a repórter profissional dois anos depois, acumulando entrevistas com nomes estelares como Caetano Veloso (que o considerava “o meu jornalista”), Gal Costa, Jards Macalé, Carlos Imperial, Nelson Ferreira dos Santos, entre outros. Aos 19 anos, já integrava a equipe da sucursal do jornal "O Estado de São Paulo" no Recife, e de lá partiu para ocupar redações de jornais e televisões nacionais e de fora do país. Ele foi diretor do "Fantástico", da TV Globo.


2009 - Entrevistando Woody Allen - Foto: Divulgação

Geneton admitia fazer parte do "Partido dos Perguntadores do Brasil", e esperava contribuir para a memória coletiva com o seu jornalismo. “Vivo dizendo que produzir memória é uma das (poucas) coisas realmente úteis que o jornalismo pode fazer”, lembrava. Essa determinação resultou em produções memoráveis, como as entrevistas realizadas com Theodore van Kirk (o navegador do avião que jogou a bomba atômica sobre Hiroshima), Eva Schloss (sobrevivente de Auschwitz), Yoko Ono, Pete Best (primeiro baterista dos Beatles), Desmond Tutu, Eugene Cernan (o homem que bateu o recorde de permanência na Lua), Woody Allen, José Saramago, Jorge Amado, Millôr Fernandes, entre muitos.



Recife/1972 - Caetano chamava Geneton de meu jornalista favorito - Foto: Divulgação


2011 - Geneton com Yoko Ono - Foto: Divulgação

"Viver de Ver o Verde Mar" (verso de um de seus muitos poemas) fala ainda da família, da sua relação com a música, a produção cinematográfica, do tempo em que morou na Europa - para estudar cinema e trabalhando como camareiro de hotel e motorista de família rica – e de sua vontade de mudar (“tempos medíocres, hora de mudar. Encarar o cinema de uma vez, projeto tantas vezes adiado”) .

Geneton morreu no dia 22 de agosto de 2016. As cinzas do seu corpo foram jogadas no mar da praia de Pau Amarelo, no dia 24 de setembro daquele mesmo ano. 

SERVIÇO:
Lançamento do livro "Geneton, Viver de Ver o Verde Mar"
Quando: 3 de março de 2020
Horário: 19h
Onde: Livraria Travessa do Shopping Leblon
Endereço: Avenida Afrânio de Melo Franco, 290, Leblon
Preço do livro: 50,00 (impresso) e R$ 15,00 (e-book)

Haverá bate-papo com os autores: Ana Farache e Paulo Cunha



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GENETON MORAES NETO. Caderno de confissões brasileiras [dez depoimentos, palavra por palavra]. Editora Comunicarte, Recife. 1983. 190 páginas.

ANTÔNIO CALLADO
ARIANO SUASSUNA
CAETANO VELOSO
CARLOS DIEGUES
FERNANDA MONTENEGRO
FERREIRA GULLAR
JOÃO CÂMARA
JOAQUIM CARDOZO
NELSON RODRIGUES
OSCAR NIEMEYER



Aviso aos navegantes                                                                                              9
                                                                                             
GUIA DE NAVEGAÇÃO
 1 - O Escudeiro de Corpo Presente                                                                      15
 2 - … Sejam Felizes                                                                                              33
 3 - Retrato de um Artista Quando Livre                                                                 49
 4 - A Terra é um Planeta que Gira a 24 Quadros por Segundo                             65
 5 - Fernanda Montenegro do Brasil                                                                       83
 6 - No Meio do Caminho Tinha a Poesia Tinha a Poesia no Meio do Caminho    97
 7 - Feito Sócrates na Hora do Gol                                                                       117
 8 - O Homem que Dorme é Melhor do que os Mortos                                         129
 9 - Ah, Nélson Rodrigues!                                                                                    145
10 - Pequena Expedição ao Redor do Universo Curvo de Niemeyer                   165


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