lunes, 18 de noviembre de 2019

1968 - CAETELESVELÁSIA / HeliCaetaGério


O Projeto Éden - composto de Tendas, Bólides e Parangolés como proposições abertas para a participação e vivências individuais e coletivas - é apresentado em Londres em 1969, na Whitechapel Gallery. 

Considerada a maior exposição em vida de Hélio Oiticica, é organizada pelo crítico inglês Guy Brett e apelidada de Whitechapel Experience.

Na série de parangolés apresentados no evento, Hélio Oiticica incluiu as peças Caetelesvelásia e Gileasa, com as imagens de Caetano Veloso e Gilberto Gil.












1968







 



















 
 















 





1969
Revista A CIGARRA
Ano 55 – n° 5
Maio de 1969














 
 


 30/5/1996 - Waly Salomão com livro que está lançando sobre o artista plástico Hélio Oiticica
Foto: Luiz Morier / Folhapress


SALOMÃO, Waly. Hélio Oiticica: qual é o parangolé?. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1996. 123 p. (Perfis do Rio, 8)










 





FOLHA DE S.PAULO

São Paulo, domingo, 18 de agosto de 1996

Os pinotes de Oiticica

JOSÉ LINO GRUNEWALD
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quem foi visitar a primeira exposição nacional de arte concreta aqui em São Paulo, no Museu de Arte Moderna, no período entre 4 e 8 de dezembro de 1956 (quando, pela primeira vez, juntavam-se poetas e artistas plásticos), certamente não haveria de desconfiar que um jovem de 19 anos, aluno de Ivan Serpa, com sua geometria algo despretensiosa, simples e lavada, viria, em breve, a se transformar num dos mais radicais criadores brasileiros -ponta-de-lança, ao nível internacional, de uma estética dionisíaca e ambiental. Era Hélio Oiticica, de quem ninguém foi mais longe em sua vidarte ou artevida anti-sistema, antiburguesa ou antitudo que representasse anódino statu quo.

Pra frente em duas frentes. Assim, esse mesmo radicalismo de vanguarda, de inventor, ao lado daquele de engajamento. Não o mero engajamento político, cujas plumas, com o correr do tempo, se desfazem ou se descolorizam, segundo conveniências, novos eventos ou teorias, ordens do Partidão etc. Falamos do engajamento mais amplo -o civilizante, civilizatório. Aquele da plena liberdade existencial, sem medo, sem preconceitos. O intelectual aberto a tudo: numa vertente, o experimentalismo constante (tendas, bólidos, parangolés, capas, neoconcretismo, Cosmococa etc); noutra, o samba, ser passista, a Mangueira, Cara de Cavalo, Rose Matos. Ele sabia que vício é vida e que o que se entende por "arte", em termos acadêmicos-tradicionais, estava furado. Aliás, como há tempos dizia Décio Pignatari, "A arte é um preconceito cultural". Por isso, é mais amplo e eficaz o termo criação.

Talvez, ninguém melhor para desenhar Hélio Oiticica do que o também radical amigo, Waly Salomão, agora nesta série de "Perfis do Rio", da Editora Relume-Dumará. Ele já havia publicado um ensaio sobre HO no seu livro "Armarinho de Miudezas", com o bem sacado título, "HOmmage".

E diz na orelha Antônio Risério que Waly é "pensamento agudo, língua afiada, voz de trovão" em sua prosa montanha-russa. De fato, se a poesia do Waly já encerra um baú/barril de surpresas, sua prosa desliza, gostosa, estonteante, ou como ele mesmo, logo de saída afirma, tratar-se de "um estilo enviesado", ou "escrever tateando como se experimentasse saber das coisas que não se sabia ainda que se sabia". Enfim, "evitar a arapuca armada do folclore e destravar a armadilha preparada pelo esteticismo". Dir-se-ia: o ritmo rodeia entre o fugaz do esqui e a fluência do balão.

Prosa de montagem, dosagem, aceleração: "Berimbolou geral mas malandro pedra noventa não bobeia, pedra que rola não cria musgo. Rola e não cria limo. Era a hora do pinote e Hélio sempre se gabou de ser o Rei do Pinote. Também vivendo situações-limite que exigiam dele manter seus poros abertos na captura dos sinais, uma espécie de código de escoteiro contracultural sempre alerta para a possibilidade da barra sujar, da polícia chegar pedindo babulaque".

Hélio em Nova York. A intensificação das afinidades com Gertrude Stein, Marshall McLuhan, Buckminster Fuller e John Cage. Ali, Waly colocou nele o apelido de Sanitation Machine, "a máquina-vassoura-escovão que varre as ruas de NYC". E há ainda seu relato sobre a capa da revista "Art in America", janeiro de 1989, a exibir Mosquito vestindo Parangolé e com o crítico inglês, Guy Brett, escrevendo seu ensaio, "Hélio Oiticica: Reverie and Revolt".

HO -a "frase-estandarte": Seja marginal, seja herói. E, então, também a evocação de Rogério Duarte e suas expressões: "Apocalipopótese" (segundo explica Waly, "desvio de uma matriz conceitual quase senso comum obrigatório -participação do espectador- transformando-a em uma hipótese, aproximando-a mais da estrutura do jogo, afastando-a da rigidez do imperativo categórico"); a mais feliz de todas, "Evang'Hélio pagão". Com relação a isso, Hélio, em 1968, no MAM do Rio de Janeiro, numa mesa de debates, desfechou o escândalo, ao comparar um trecho de Cristo nos Evangelhos com uma imagem lisérgica, falando do ácido tranquilamente. São os "bien pensants" com seus tremeliques hipócritas. Nada impedia que ele fosse adiante e, por exemplo, sugerisse que a ceia de Cristo havia sido um "barato". Daí, quem sabe? Judas...

Pouco antes de sua morte -não sei se Waly sabe- tive o prazer de reencontrar Hélio na frente de um bar do Leblon. Quando lá chegou, já estávamos, Décio Pignatari, Ivan Cardoso e eu. Ivan tirou uma foto de nós três, que saiu publicada na revista "Vogue". Eu tinha com Hélio a afinidade de pessoas que fizeram nossas cabeças: Cassirer, Susanne Langer, Merleau-Ponty, Heidegger, Paul Klee, Mondrian, Kurt Schwitter e, "last but not least", as conversas enriquecedoras com Mário Pedrosa.


Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 26/7/1937 - Rio de Janeiro, 22/3/1980)
Décio Pignatari (Jundiaí, 20/8/1927 - São Paulo, 2/12/2012) e
José Lino Grünewald (Rio de Janeiro, 13/2/1931 - 26/7/2000)
num bar do Rio de Janeiro. Foto: Ivan Cardoso

No final deste seu livro de suculenta instigação, Waly, na penúltima página, narra o enterro de Hélio Oiticica, ao som do surdo, enrolado na bandeira da Estação Primeira da Mangueira. Na última, vem o poema "Balada de um Vagabundo", começando por "eis o sol, eis o sol" e com esta passagem: "Um vício só somente só para mim não basta/ uma inflação de amor incontrolável por meu corpo alastra/ tá lotado, tá repleto de virtude e vício o meu céu/ um galo sozinho levanta a crista e cocorica seu escarcéu/ um vício só somente só é pura cascata". Valeu. Da vela à vala, da cama à maca, ele levou e lavou um sol.












 
 
 



FOLHA DE S.PAULO

São Paulo, terça-feira, 10 de fevereiro de 2004


Ensaio documenta admiração por Oiticica

DA REDAÇÃO

Outra obra de Waly Salomão que retorna às estantes é "Hélio Oiticica - Qual É o Parangolé?", comentário do poeta a respeito da obra do artista plástico carioca (1937-1980). Com seu "estilo enviesado" e verve fluente, o livro se tornou um documento sobre a admiração de Salomão pela obra do amigo Oiticica, que exerceu forte influência na obra do poeta.

Lançado em 1996 pela Relume Dumará como exemplar da série "Perfis do Rio", o volume chega agora pela editora Rocco com introdução de Luciano Figueiredo, amigo de Salomão, que também esteve envolvido no relançamento de "Me Segura Qu'Eu Vou Dar um Troço". Para ele, a importância de "Qual É o Parangolé?" reside no que chama de uma "rara amizade", que permitiu um rico diálogo entre os dois artistas.

"Hélio Oiticica era o artista que Waly Salomão mais admirava. O que havia entre eles era uma mão dupla de interlocução. Um verdadeiro vaivém criativo, produto de espíritos francamente experimentais", afirma Figueiredo, que considera fundamental a visão dos poetas na valorização da hoje reconhecida obra de Oiticica.

"Tenho uma visão de que a obra do Hélio foi mais bem compreendida pelos poetas e pelos artistas do que pela crítica especializada, que se detinha no historicismo e nas vertentes formais. Havia neles uma via mais porosa, mais receptiva", diz Figueiredo. "Isso é um sinal evidente do diálogo de Oiticica com Waly Salomão, [o poeta piauiense] Torquato Neto, [o poeta concretista] Haroldo de Campos, entre outros."

As razões para isso, na opinião de Figueiredo, se devem à presença da poesia como aspecto indissolúvel na obra de Oiticica, principalmente após sua participação no movimento neoconcreto. A busca da inter-relação entre as artes foi constante em suas criações e, sob esse aspecto, seu diálogo com Salomão se intensificou.

"O Waly teve experiências muito especiais com Hélio sobre poesia, arte e vivências. A convivência entre eles era muito especial", afirma Figueiredo. (MDA)



SALOMÃO, Waly. Hélio Oiticica - qual é o parangolé? e outros escritos. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2004. 144 págs.


Capa: Hélio Oiticica com a obra Manhattan Brutalista, objeto semi-mágico trouvée. Foto: Roberto (Bob) Wolfenson, 1978.



“… (Morando com Dedé e Caetano em São Paulo, segundo semestre 68, presenciei meses depois a culminância canibal deste processo no quase linchamento de Caetano pela esquerda estudantil paulista no TUCA durante a apresentação da música É proibido proibir. Co-presenciaram, também, como minoritária torcida pró, Lygia e Augusto de Campos - autor do poema visual VIVA A VAIA -, Péricles Cavalcanti, Rosa Dias, Dedé Gadelha Veloso e Sandra Gadelha. Aliás, Lygia Clark, que estava vivendo em Paris, usava a designação HeliCaetaGério para marcar o ethos tribal de camaradagem, a grande simbiose dos três, Hélio, Caetano e Rogério Duarte, nesta época. A foto de Marisa Alves Lima na revista O Cruzeiro: Caetano vestindo PARANGOLÉ vermelho nas pedras do Arpoador (1968). Oiticica também fez um PARANGOLÉ especial para homenagear Caetano com o nome que pode parecer estrambótico CAETELES VELASIA mas que é uma disposição anagramática do nome completo do homenageado - Caetano Emanoel Vianna Telles Velloso. Em Londres, na grande exposição da Whitechapel, 1969, inaugurada durante o período em que Caetano e Gil, depois de presos pelo regime militar, eram confinados na Bahia, os visitantes ao entrarem em uma tenda colocavam headphones e ouviam as músicas dos dois grandes artistas brasileiros. Uma homenagem-protesto)…”

[ARMOU O MAIOR BARRACO NO MAM!!!, Pág. 63-64]



1968 - Caetano Veloso veste Parangolé  P04 - Capa 1 (1964)


1968
















SALOMÃO, Waly, Hélio Oiticica. Qual é o parangolé?. Buenos Aires, pato-en-la-cara. 2009. Traducción del portugués de Teresa Arijón y Bárbara Belloc


SALOMÃO, Waly. Hélio Oiticica ¿Qué es el parangolé? y otros escritos. Fundación Municipal Bienal de Cuenca. Ecuador. 2016.
Selección y traducción de Teresa Arijón y Bárbara Belloc

Portada: Luiz Fernando Guimarães vistiendo un parangolé P30 capa 23


“... (Viviendo con Dedé y Caetano en San Pablo, en el segundo semestre del ’68, presencié la culminación caníbal de este proceso en el casi linchamiento de Caetano por la izquierda estudiantil paulista en TUCA durante la presentación de la música É proibido prohibir. También fueron testigos, como minoritaria hinchada a favor, Lygia y Augusto de Campos - autor del poema visual VIVA A VAIA -, Péricles Cavalcanti, Rosa Dias, Dedé Gadelha Veloso y Sandra Gadelha. Además Lygia Clark, que estaba viviendo en París, utilizaba la designación HeliCaetaGério para marcar el ethos tribal de camaradería, la gran simbiosis de los tres – Hélio, Caetano y Rogério Duarte- en aquella época. La foto de Marisa Alves de Lima en la revista O Cruzeiro: Caetano vistiendo un PARAGOLÉ rojo en las piedras del Arpoador (1968). Oiticica también hizo un PARANGOLÉ especial para homenajear a Caetano cuyo nombre puede parecer estrambótico – CAETELES VELASIA – pero en realidad es una disposición anagramática del nombre completo del homenajeado: Caetano Emanoel Vianna Telles Velloso. En Londres, en la gran exposición de 1969 en la galería Whitechapel, inaugurada durante la época en que Caetano y Gil, después de haber sido encarcelados por el régimen militar estaban confinados en Bahia, los visitantes, al entrar en una carpa, se ponían auriculares y escuchaban la música de los dos grandes artistas brasileños. Homenaje-protesta.)…"

[¡¡¡ARMÓ UN REVUELO MAYOR EN EL MAM!!!, Pág. 59-60]



Tenda Caetano-Gil, no Éden. Whitechapel Gallery, Londres, 1969.




Paulo Ramos veste Parangolé P23 - Capa 19 - Foto: Andreas Valentin

Hélio Oiticica veste Parangolé P19 - Capa 15, "Gileasa", homenagem a Gilberto Gil, 1968
Imagem: Folha/Imagem

Luiz Fernando Guimarães veste Parangolé P30 - Capa 23 - “m’way ke”, dedicado ao poeta paulista Haroldo de Campos, 1972


Torquato Neto usando Parangolé P4 - Capa 1 (1964) em Apocalipopótese
Evento: Arte no Aterro – um mês de arte pública, Rio de Janeiro
Foto: desconhecido













 
 




Nonesuch Journal

Wednesday, June 20, 2007

Caetano Veloso writes for TATE ETC.

Caetano Veloso has written an article about Brazilian artist Hélio Oiticica for the current issue of TATE ETC., the magazine of the Tate Gallery in London.




Summer 2007, #10

Tate Etc 1 May 2007 


Hélio and I Hélio Oiticica in London
Caetano Veloso
Hélio Oiticica’s The Body of Colour comes to Tate Modern in June. Brazilian arts flourished in the 1950s, originating with the Modernist movement of the 1920s, and Oiticica became a barrier-smasher in this period.



Hélio Oiticica outside The Whitechapel Art Gallery, London 1969
© Projeto Hélio Oiticica

Hélio Oiticica near The Whitechapel Art Gallery, London 1969
© Projeto Hélio Oiticica

I arrived in London in October 1969 and lived there until January 1972. It’s true that the display of a work of Hélio Oiticica’s at one of our concerts was a factor in our harassment by the military dictatorship, which eventually forced us to leave Brazil. That particular work consisted of a flag showing a picture of a notorious outlaw from Rio lying on the ground, shot dead by the police, and the words “Seja marginal, seja herói” (“Be an outlaw, be a hero”). Gilberto Gil, Os Mutantes and I displayed it on stage. Left-wing artists, students and journalists would boo us for being too receptive to rock sounds, while right-wing supporters of the government wouldn’t accept popular musicians who presented their songs underlined by such provocative visual elements. One evening somebody in the audience – we heard it was an attorney or a judge – left the night club where we were playing, assuring whoever could hear him that we were going to be punished. A few days later the club was forbidden from opening its doors. Eventually, we were put in jail: the authorities had heard we had disrespected the Brazilian flag. The word flag reached our inquisitors’ ears in a distorted story, but the fact is that Hélio’s rebellious attitude echoed in everything we did.


The first thing I remember about London was getting on a red bus (on my first day in town) with Hélio and his friends Jill Drower and Josephine Rankin, two beautiful, stylish and very British girls. Of course, I wanted to sit on the upper deck – and found it wonderful to see the streets from that height and be able to smoke up there. A few days later I was amazed to find out that one could also smoke in movie houses and theatres. Hélio always seemed to be above those little anthropological discoveries I was making. He was very impatient. Still, he was the one who made everything feel lively.

I saw him almost every day while he was in London. I heard about Hélio’s exhibition at the Whitechapel Art Gallery from other people: Jill, Paul Keeler, Edward Pope. But Hélio himself talked about things he was beginning to think about, and very little about those he had done. I knew his work was very bold, and considered it important that London art people and critics should get to know it.

In 1967 I had composed a song whose lyric sounded like a strange portrait of Brazil. It was already recorded, but had no title. The film photographer and producer Luiz Carlos Barreto – who was the cinematographer for Nelson Pereira dos Santos’s Vidas Secas and Glauber Rocha’s Terra em Transe – heard me singing it at a mutual acquaintance’s house in São Paulo, with just my guitar, and immediately told me I should name it Tropicália. He said it felt exactly like the environmental work he had just seen in Rio by this young artist named Oiticica. I didn’t want to use someone else’s work’s title: the artist might not like my song. Besides, being “tropical” didn’t seem to me the most relevant of the aspects of Brazil I wanted to depict.

But the title stuck to the song. And when Hélio heard it, he liked the whole story – he already knew what I had been doing, and approved of it. Admiring Godard and The Beatles, I belonged to a group of Bahian musicians who wanted to refer to rock’n’roll, Hollywood, raw samba from the favelas (shanty towns), crude north-eastern rural flutes, Argentinian tangos, Mexican boleros and Brazilian low-level commercial music. Such a mixture took us near to what was beginning to be known as counter-culture. To us it also meant a more effective response to the violent situation of living under a military dictatorship. Hélio’s experimentation in art, although not romantic in its origins (he came from a Constructivist, Mondrianesque tradition of radical confrontation of visual forms), led him to sympathise with our movement.

I originally met him through a mutual friend, the journalist Marisa Alvarez Lima. I found him wildly intelligent and very funny. I could see he was also very rigorous when it came to his work and his artistic ideas. We immediately became friends. In fact, more than friends: companions on a mission. I soon understood he was the most inventive follower of Lygia Clark. She and he were the two most important creators of the so-called Neo-Concrete group, a continuation of and opposition to the São Paulo Concrete movement. Their beyond-geometry experiments eventually led them to environmental art, clothes and therapy.When he made Tropicália, he had just touched the Pop area of art creation, without making Pop Art at all. The very presence of a television set at the end of a labyrinth punctuated with tropical stereotypes (but also made of very real tropical materials – organic and inorganic – that could be touched) encapsulated our ironic view of, criticism of, blind love for and freedom from the subject matter in Warhol’s Campbell’s Soup paintings and Lichtenstein’s comic-book scenes. So it seemed perfectly natural that Oiticica liked our TV appearances, our interviews, statements and clothes. His Parangolés, transcendental robes and coats, were the most sublime anti-fashion clothes design: quasi-impossible to wear, they at first seemed to be nothing, then you would try them on and, in the process, you’d discover multiple meanings. You’d get over-excited with myriad suggestions: they produced thoughts, feelings, inspirations. Hélio liked to ask young guys from Mangueira – the Rio favela in which the greatest number of geniuses of samba dancing, singing and songwriting lived – to wear them. He also used to say that Mangueira people inspired him to invent the Parangolés – just as the narrow alleys between the houses in the favela inspired him to create the Tropicália labyrinth. Still, he was as opposed to the nationalistic defence of our popular culture as I was. And I loved Mangueira samba people as much as he did.

Now I miss his demanding, almost intolerant critical views, his enthusiasm, his crude sense of humour. He left us a treasure of colours and ideas. We are stronger because of his audacity. Before he died he seemed to be not only less interested in my musical work, but also a bit impatient with what might have appeared to him as a lazy attitude on my part. I understood none of us could feel love at first sight again and again. But I took his demanding view seriously and kept on trying to live up to it.










Nova York (EUA) 14/07/2017

Hélio Oiticica ganha retrospectiva no Whitney Museum, em NY

Texto por: RFI

Hélio Oiticica ganha retrospectiva no Whitney Museum - Divulgação

Não é todo dia que se pode caminhar descalço na areia em Manhattan, ouvindo o canto de papagaios, se jogar no feno ou em colchões e lixar as unhas cercado de desenhos feitos de carreiras de cocaína.

Bem-vindo ao universo de Hélio Oiticica, um dos mais originais artistas do século 20, que ganhou sua primeira retrospectiva nos Estados Unidos em 20 anos, inaugurada nesta sexta-feira (14), no célebre Whitney Museum of American Art.

Oiticica (1937-1980), que morou por quase uma década em Nova York nos anos 1970, foi um inovador incansável até sua morte precoce no Rio de Janeiro, aos 42 anos, vítima de um acidente vascular cerebral.

No início de sua carreira, suas elegantes figuras geométricas quase se descolavam das paredes pelo uso de cores vibrantes. Depois, viraram esculturas, construções arquitetônicas, arte para vestir e, finalmente, Oiticica criou "ambientes" que ativam os sentidos e deixam o espectador imerso em outra realidade pelo som, pelo tato, pela imagem ou pelo olfato.


Viajar para se perder

"Ao final, (Oiticica) incorpora você como indivíduo na própria obra, e acho que é isso que ainda achamos tão excitante e quase desafiador em seu trabalho", disse Donna de Salvo, uma das curadoras da exposição.

"Por isso, o nome da exposição: 'Organizar o Delírio'. Porque o delírio é o lugar onde você se perde, é o lugar da mente, do corpo. Não tem limites. E é também algo que lhe pertence. Como artista, Oiticica convida você a entrar, mas o que você faz com isso é seu. Depende de você", explicou.

E a quais aventuras Oiticica convida o público?  Uma delas é o "Edén", uma instalação montada pela primeira vez em Londres, em 1969: um jardim de areia, no qual se entra descalço, que convida a descansar, a ouvir música, a ler, a ver o tempo passar.
E aqui começa a linguagem de Oiticica: você pode entrar em diferentes estruturas ("penetráveis"), manipular materiais orgânicos contidos em objetos ("bólidos") ou vestir coloridas capas ("parangolés") de diferentes maneiras.

Oiticica, que adorava escrever e teorizar sobre suas obras, descreve "Edén" como um espaço "suprassensorial" e de "crelazer", sob a premissa de que o ócio é essencial para a criatividade.

Outra instalação é "Tropicália", de 1967, sua obra mais famosa e o primeiro de seus quatro retratos do Brasil.

A obra usa clichês associados ao país - areia, cascalho, pássaros exóticos, vegetação frondosa -, mas um "penetrável" contém um televisor a todo volume, enquanto outros remetem à precariedade da vida na favela da Mangueira, em uma crítica aos contrastes do Brasil.

Pouco depois, o cantor e compositor Caetano Veloso tomou emprestado de Hélio Oiticica a palavra "Tropicália" para intitular um álbum que se tornou hino contra a ditadura militar brasileira (1964-1985) e fez nascer o movimento artístico de mesmo nome.


Cocaína, cultura gay e marginal

Criados com seu amigo Neville d'Almeida em 1973 e ligados ao uso da cocaína por parte de Oiticica, "Cosmococas" são "pequenos ambientes" onde se projetam slides de desenhos feitos com a droga sobre material gráfico, com uma elaborada trilha sonora.
Em um deles, os espectadores são convidados a se jogar em colchões, enquanto lixam as unhas - um clima ideal para o "crelazer".

"Decidimos fazer algo que ninguém tinha feito antes, e assim inventamos 'Cosmococas'. A gente gostava tanto de trabalhar que se divertia o tempo todo. Não éramos como esses artistas que sofrem e suam. E inventamos a instalação na arte contemporânea", contou Neville à agência France Presse.

Quando Oiticica morou em Nova York, no East Village, "a cidade estava no inferno e não tinha dinheiro", mas era o berço de "uma fantástica cultura gay, da qual Oiticica fazia parte", comentou a também curadora Elisabeth Sussman.

“Ele não achava que os museus fossem, necessariamente, os lugares onde a arte dele devia estar", explica.

Ela lembra ainda que o artista frequentou as favelas do Rio e a escola de samba Mangueira, identificando-se com o que chamou de "marginália" - ou "cultura marginal" - e criando, em 1968, o lema "Seja marginal, seja um herói" sob a imagem de um amigo da favela assassinado pela polícia.


Julho/2017 - Caetano Veloso 








19/7/2917 - Caetano Veloso e Marisa Monte no Ateliê Francesco Clemente - NYC






LYGIA PAPE NO METROPOLITAN


At The Met Breuer

MARCH 21–JULY 23, 2017



Lygia Pape: A Multitude of Forms is the first monographic exhibition in the United States devoted to Brazilian artist Lygia Pape (1927–2004). A critical figure in the development of Brazilian modern art, Pape combined geometric abstraction with notions of body, time, and space in unique ways that radically transformed the nature of the art object in the late 1950s and early 1960s. Covering a prolific, unclassifiable career that spanned five decades, this exhibition examines Pape's extraordinarily rich oeuvre as manifest across varied media—from sculpture, prints, and painting to installation, photography, performance, and film.



Julho 2017 - Zeca e Caetano Veloso - Roda dos Prazeres (1968)

Roda dos Prazeres, composta por um círculo de tigelas com líquidos coloridos de cores básicas. 

O público é convidado a experimentar esses líquidos que possuem sabores como anis, vinagre, café e banana.


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