viernes, 13 de octubre de 2017

2012 - CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE - ELEGIA 1938



Fotos: Lita Cerqueira


Carlos Drummond de Andrade (Itabira, Minas Gerais, 31 de outubro de 1902 — Rio de Janeiro, 17 de agosto de 1987).

Poeta, contista e cronista brasileiro, considerado por muitos o mais influente poeta brasileiro do século XX. Drummond foi um dos principais poetas da segunda geração do Modernismo brasileiro. 






"Eu escolhi este poema porque acho ele extraordinariamente bem escrito.
Representa a densidade assim da escrita poética de Drummond como poucos e também porque ele evoca desde que houve o atentado contra as torres gêmeas do World Trade Center em Nova York que este poema me impresionó pelo fato de conter magnificamente bem expressa toda a intensidade do ressentimento contra os Estados Unidos e também o sentido complexo da verdade política que há por trás de isso que não é meramente um ressentimento. É muito complexo poéticamente e muito atual históricamente quando os própios jovens americanos estão fazendo passeatas contra Wall Street."




Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,
onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.

Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,
e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.

Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra
e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.

Caminhas entre mortos e com eles conversas
sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.

Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota
e adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.










Poema de Carlos Drummond de Andrade in: «Sentimento do Mundo» (1940)




Consideração do poema:
Leituras de carlos drummond de andrade
Longa-metragem, Documentário, 64', 2012.




SINOPSE
O filme, realizado por ocasião das comemorações do "Dia D", em 31 de outubro, reúne leituras de poemas de Carlos Drummond de Andrade por poetas, escritores, compositores, atores, intelectuais e outras figuras públicas.



Produção do Instituto Moreira Salles - IMS



a flor e a náusea - Marlene de Castro Correa




a ingaia ciênciaDráuzio Varella




amar - Marília Pêra




anedota búlgara - Gregório Duvivier




áporoDavi Arrigucci Jr.




balada do amor através das idades - Fabrício Corsaletti




cantiga do viúvo - Elvia Bezerra

canto esponjoso - Armando Freitas Filho

cerâmica - Aurélio Mesquita




cidadezinha qualquer - Numa Ciro




comunhão César Lacerda




confissãoMilton Hatoum




desdobramento de adalgisa - Mariana de Moraes




destruição - Marina Person

elegiaNuno Ramos




elegia a um tucano morto - Pedro Drummond




elegia 1938Caetano Veloso



em face dos últimos últimos acontecimentosLaerte




especulações em torno da palabra homem - Sandra Corveloni




fraga e sombra - Antônio Cicero




história natural - Daniela Thomas




inocentes do leblonChico Buarque

josé / legado - Eucanaã Ferraz




memória - Alberto Martins




necrológio dos desiludidos do amorFernanda Torres




o amor bate na aorta - Drica Moraes




o elefante - Adriana Calcanhotto




oficina irritadaPaulo Henriques Britto




o rei meninoJorge Mautner

poema da necessidade - Laura Liuzzi

poema de sete faces - Alcides Villaça

quadrilha - Omar Salomão




também já fui brasileiro - Cacá Diegues

um boi vê os homens - Joca Rainers Terron





O GLOBO

Documentário ‘Consideração do poema’ traz personalidades recitando versos de Drummond

Selecionado para o É Tudo Verdade, o filme terá duas sessões durante o festival

por André Miranda

24/03/2012

O músico Chico Buarque pensou em ser arquiteto na juventude - Divulgação 

RIO - Um "Poema de sete faces" se entrelaça com um "Anedota búlgara", que se emparelha com um "Também já fui brasileiro", que se junta a um "Elegia 1938"que, ao lado de muitas outras poesias de Carlos Drummond de Andrade, aparece reunida num novo filme que está prestes a entrar nesta história.

Dirigido por Gustavo Moura, Eucanaã Ferraz e Flávio Moura, "Consideração do
poema" reúne poetas, escritores, compositores, atores, professores e outras
figuras públicas recitando obras variadas de Drummond, de frente para a câmera, sem nenhum elemento a mais para distrair a atenção do espectador. O filme foi feito por conta do centenário de nascimento do poeta, que será comemorado em outubro, e terá sua primeira exibição numa sala de cinema no É Tudo Verdade, o maior festival de documentários do país, que começa neste sábado para o público e segue até o dia 1 de abril em Rio e São Paulo.

Participam de "Consideração do poema" nomes como Chico Buarque, Caetano Veloso, Cacá Diegues, Jorge Mautner, Milton Hatoum, Marilia Pêra, Nuno Ramos e Dráuzio Varella. O filme teve uma primeira versão, mais curta, mostrada no Instituto Moreira Salles no ano passado, justamente pela celebração do aniversário de Drummond, em 31 de outubro.

— A ideia original era que o filme tivesse 20 minutos, mas aí fomos chamando
mais gente, mais pessoas foram lendo e se animando, e o projeto cresceu —
explica Gustavo Moura, que participou do É Tudo Verdade com o documentário
"Cildo" em 2008 e que retorna nesta edição também com o curta "Capela", este em competição.

No filme, todos aparecem sentados, à frente de um fundo preto, simplesmente
lendo. Alguns ainda fazem breves comentários, como no caso de Antonio Cicero,
que, antes de ler "Fraga e sombra", diz: "Não tem nenhuma palavra sobrando em nenhum desses poemas. Tudo é perfeito, o som é perfeito."

Idealizador do projeto, o poeta Eucanaã Ferraz fez a seleção dos poemas para
cada leitor, deixando em alguns casos opções em aberto. Os leitores foram
escolhidos a partir de uma lista feita por ele, com a adição de sugestões dos
outros dois diretores.

— O grupo inicialmente soa um tanto aleatório, mas há uma ligação estética e
literária entre aquelas pessoas e o Drummond. A Fernandinha (Fernanda Torres), por exemplo, tem uma compreensão, uma inteligência, que faz que a leitura dela não seja uma leitura qualquer — afirma Eucanaã.

O filme será exibido em quatro horários do É Tudo Verdade, dois no Rio (dia 29,
às 19h, no Unibanco Arteplex; e dia 1 de abril, às 18h, no Instituto Moreira
Salles) e dois em São Paulo (dia 28, às 19h, no CineSesc; e dia 30, às 14h, no
Museu da Imagem e do Som). Depois, a ideia dos diretores é que ele consiga ter uma sobrevida nas salas de cinema e que passe na Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, cujo autor homenageado de 2012 é justamente Carlos Drummond de Andrade.

— Não sabemos ainda dentro de qual contexto, mas possivelmente ele será exibido na Flip — afirma Flávio Moura, que também é cocurador da homenagem a Drummond na Festa de Paraty. 

— O filme também sobrevive a partir de leituras individuais na internet, separando-se cada trecho.




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