martes, 25 de octubre de 2016

2016 - PAULA LAVIGNE



 
2016
Revista MARIE CLAIRE
Outubro
Capa: Mariana Ximenes

PAULA
LAVIGNE
NO DIVÃ



A VOLTA COM CAETANO,
O ABORTO A MACONHA 
E A FAMA DE GENERAL




por MARIA LAURA NEVES


"Detesto receber ordens", conta Paula Lavigne em entrevista rara

A produtora carioca perdeu a virgindade aos 13 anos, quando Caetano Veloso tinha 40. Ao se separar dele, em 2005, derrubou o portão do prédio em que moravam com o próprio carro. Depois de uma década separados, acabam de reatar. Nos últimos anos, envolveu-se em outra polêmica, ao defender a autorização prévia das biografias na Justiça. Adepta de declarações bombásticas, deu uma bem-humorada entrevista em que fala sobre poder, drogas e relacionamento
  

 

Paula usa: CH Carolina Herrera, Joias H.Stern / Styling: Felipe Veloso / Beleza: Rafael Senna / Produção de moda: Bernardo Biaso e Igor Migon 


Sol em Áries, ascendente em Áries e oito planetas em Áries. Até os céticos hão de concordar que só os astros são capazes de explicar a intensidade de Paula Lavigne. Aos 47 anos, a empresária carioca é assumidamente workaholic, controladora e obsessiva. Seus funcionários da Uns Produções costumam se dirigir a ela como “general”. Proporcional à fama de intempestiva, dizem os mais próximos, é o tamanho de sua generosidade. Paulinha, como é chamada pelo seu ex-atual-marido Caetano Veloso, escolhe com rigor com quem trabalhar e transforma para melhor a vida de quem sobrevive aos seus métodos de gestão.
Acolhe e projeta novos artistas, além de abrir sua casa – um apartamento na Vieira Souto, com vista para o mar de Ipanema – para as festas mais animadas e bem frequentadas da orla.
Quando recebeu Marie Claire na sala de sua casa, Paula estava bem-humorada, deu risada de si mesma durante a sessão de fotos e em quase toda a conversa. “Tenho só um ângulo bom, do lado direito”, dizia às gargalhadas. Filha da psicanalista Irene Mafra e do advogado criminalista Arthur Lavigne, começou a fazer teatro na infância para gastar energia. “Fico mal se não tenho nada para fazer”, esclarece. Tanto é que o cineasta espanhol e amigo da família Pedro Almodóvar disse, certa vez: “¿Paula? Hay que cansarla”. Mas a verdade é que ela é incansável. Depois de algumas peças de teatro, um contrato com a Globo e a consciência da falta de vocação para a atuação, mudou de carreira. Sua produtora é responsável pela turnê Dois Amigos, um Século de Música, que levou os tropicalistas Gilberto Gil e Caetano Veloso a Israel, Palestina e Tóquio nos últimos meses.
O encontro com o amor aconteceu cedo. Paula perdeu a virgindade aos 13 anos com Caetano, que, na época, acabara de completar 40. “As pessoas não entendem que uma menina pode ter mais maturidade do que outras nessa idade?”, diz, sobre o zum-zum-­zum que o fato costuma gerar. Aos 16, casou-se, fez um aborto e foi emancipada pelos pais para que pudesse abrir uma empresa em sociedade com o cantor. Aos 21, deu à luz Zeca e, aos 26, Tom, ambos músicos. A conturbada separação aconteceu em 2005. O músico compôs um disco, Cê, inspirado na ex, e Paula diz que, na época, viveu a dor mais profunda de sua vida. “Foi como se tivessem me tirado um braço ou uma perna.” Foi aí que se consultou com um psiquiatra californiano e descobriu o poder medicinal da maconha, que a acompanha até hoje e a ajudou a se livrar dos remédios controlados.
A seguir, confira alguns dos principais trechos da entrevista. A íntegra você confere na edição de outubro da Marie Claire, que chega às bancas na segunda (03).
MC O mundo discute o empoderamento das mulheres. Ter poder é natural para você?
PL Nunca tive problemas com isso [risos]. Para uma pessoa ser bem-sucedida, precisa ter talento e vocação, duas coisas totalmente diferentes. Produção demanda vocação. Muita gente não gosta. A gente não tem horário, trabalha 24 horas por dia. Quando era atriz, tive a sabedoria de perceber que não tinha vocação, era infeliz e não gostava daquilo. Não gosto de receber ordens... [risos]. Detesto, desde sempre.

MC É verdade que sua equipe te chama de “general”?
PL Vejo a produção como um exército. Frescura quem tem é artista [risos]. Não engano ninguém, falo as coisas como são. Tem gente que dá valor a isso. Outros são mais sensíveis e podem me achar meio grosseira. Lembro quando comecei a trabalhar com a [cantora] Teresa [Cristina], ela chorava muito. Hoje em dia, antes de começar a chorar, ela ri [risos]. Já o Caetano é um exemplo diferente. Uma das coisas que ele mais gosta em mim é saber que falo a verdade. As pessoas puxam muito o saco dele.

MC Você manda no Caetano?
PL Mando nas coisas que o Caetano não liga: dinheiro, vida prática. Vai ver se sou pai dos filhos dele... Não sou.

MC Como é reatar um relacionamento dez anos depois?
PL Parece que nunca teve separação, sabia? Caetano falou: “A separação não deu certo, a gente tentou” [risos]. Você vai ficando mais velho e tem uma coisa que começa a valer muito, que é a intimidade. Depois de certa idade, a gente não suporta a expectativa de um relacionamento. Casamento é projeto de vida, é um objetivo em comum.




Aos 19, com Caetano Veloso, com quem acaba de reatar

MC Ao olhar para trás, arrepende-se de algum rompante?
PL Claro! Não precisava derrubar portão nenhum [risos]. Essa história, inclusive, tem um componente forte de machismo. Estava indo lá [no apartamento que dividia com Caetano, logo após a separação] arrumar a mala dele para uma viagem. O segurança não queria me deixar entrar. Não havia ordem para isso. Ele tirou essa ideia da cabeça porque sou mulher. Abriu o paletó e mostrou a arma. Claro que deveria ter saltado, ligado para a síndica, feito a fofa que não sou [risos].  Mas a gente vai aprendendo. Hoje não faria isso.
MC Você sempre disse que não gostava de usar drogas...
PL Era muito careta, a vida inteira. Caetano também, tanto que o apelido dele era Caretano. Eu não bebia, não fumava, nunca usei cocaína. Mas a minha história com a maconha começou há uns sete anos. Logo depois da separação, fui a um psiquiatra que me deu um remédio que foi enrolando minha vida. Fiquei intoxicada, parecia que tinha um negócio espremendo meu cérebro. Foram dois ou três anos bem ruins. Até que passei uma semana sem dormir, obsessiva, trabalhando direto, em um ano em que lancei três filmes. Fui então a outro médico, na Califórnia, que me receitou [maconha]. Foi um milagre. Não estou fazendo apologia às drogas, mas falando de uma experiência minha, medicinal. Maconha me faz bem.
MC Você costuma dizer que não gosta de ser mulher. Por quê?
PL Odeio. O tônus muscular dos homens e a libido duram mais tempo. Eles não têm relógio biológico para ter filho, nem esses hormônios loucos, TPM. Você engravida e vira outra pessoa. Dormia e comia o tempo inteiro na gravidez. O homem tem mais calma, sabe? Além disso, a mulher tem obrigação de estar magra, bonita...





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