domingo, 23 de octubre de 2016

1998 - TROPICÁLIA 30 Anos: 40 artistas baianos



 Tropicália 30 Anos: 40 artistas baianos (1998: Salvador, BA)
Inicio: 2/1998
Local de realização: Brasil, Bahia, Salvador
Instituição: Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM/BA)
Classificação: Exposição
Tipo de evento: Coletiva
 



Agência Folha 12/2/98

MAM da Bahia promove 'Tropicália 30 Anos'

De São Paulo

O Museu de Arte Moderna da Bahia abre nesta quinta às 21h o evento ''Tropicália 30 Anos''. Foi com a instalação ''Tropicália'', de Hélio Oiticica, que o tropicalismo ganhou um de seus impulsos mais fortes.

Como parte do evento estará sendo vendido no Museu de Arte Moderna da Bahia o livro ''Glauber Rocha - Cartas ao Mundo'' , organizado por Ivana Bentes. O livro reúne as correspondências do cineasta de ''Deus e o Diabo na Terra do Sol''.

A festa tropicalista baiana se estende ao longo do mês pela ruas de Salvador. O tropicalismo está no centro das festividades carnavalescas deste ano na cidade. O evento ''Tropicália 30 Anos'' acontece no Museu de Arte Moderna da Bahia, que fica na avenida Contorno, s/nº, Solar do Unhão, Salvador. 







São Paulo, quinta, 12 de fevereiro de 1998 



ANIVERSÁRIO

Museu comemora 30 anos do movimento cultural com obras de Oiticica a Tunga
 
MAM baiano acende pavio da tropicália
 
CASSIANO ELEK MACHADO
da Reportagem Local  



Foi com a instalação "Tropicália", de Hélio Oiticica, que o tropicalismo ganhou um de seus impulsos mais fortes.
É em torno da mesma instalação do artista carioca, morto em 1980, que o pavio do movimento volta a acender hoje, em Salvador, em uma das maiores festas das artes brasileiras deste ano.
O Museu de Arte Moderna da Bahia abre hoje, às 21h, o evento "Tropicália 30 Anos".
Na comissão de frente, estarão 20 passistas que desfilam "paragolés" criados por Oiticica no museu projetado por Lina Bo Bardi.
Além de passarem no meio da instalação "Tropicália" (uma das primeiras obras "penetráveis" do artista), os dançarinos também terão pela frente mais de uma centena de obras de arte.
A convite do museu, 40 artistas baianos, de Fernando Coelho a Paulo Pereira, mostram trabalhos com o tema "Tropicália".
No caminho, os passistas também passam pelo acervo do museu, formado em sua maioria por peças modernistas. O diretor do MAM-BA, Heitor Reis, diz que foi com essas obras que Caetano, Gil e outros fomentadores do tropicalismo "tomaram contato com o modernismo".
Caetano estará no museu novamente. Ele encarna um dos personagens do texto "Vida - Paixão e Banana do Tropicalismo", de Capinam e Torquato Neto, que terá leitura dramática dirigida por José Celso Martinez Corrêa.
Teatro também é um dos ingredientes da performance "Sopas", apresentada às 24h por dois dos mais consagrados artistas plásticos do Brasil.
Tunga e Arthur Barrio estarão cozinhando em grandes panelas no museu. Junto com a sopa, "servem" uma leitura contemporânea do tropicalismo.
Nas paredes do MAM-BA, também estarão sendo servidas porções de tropicalismo "clássico".
É a exposição "Marginália", que reúne fotografias que Marisa Alvarez de Lima fez na década de 60.
A festa tropicalista baiana não pára nem hoje nem nos limites do museu. Ela se estende ao longo do mês pela ruas de Salvador.
O tropicalismo é o principal tema das festividades carnavalescas deste ano na cidade.

Evento: Tropicália 30 Anos 
Quando: a partir de hoje, às 21h
Onde: Museu de Arte Moderna da Bahia 







 
 São Paulo, sábado, 14 de fevereiro de 1998  



COMEMORAÇÃO
Bahia rende homenagem a 30 anos de tropicália

CASSIANO ELEK MACHADO
enviado especial a Salvador



O tropicalismo não tem data certa de nascença nem fronteiras estabelecidas. Mas 12 de fevereiro de 1998 foi o dia em que o movimento ganhou "lenço e documento".
Cerca de mil pessoas estiveram no evento "Tropicália 30 Anos", no Museu de Arte Moderna da Bahia, anteontem, para conferir esse certificado ao movimento que "caminhou contra o vento" nos anos 60.
Uma delas foi dona Canô, 90. Sentada em um banco na frente do museu, de vestido florido rodado, a mãe de Caetano Veloso e Maria Bethânia disse à Folha com sua expressão zen-baiana: "É extraordinário lembrarem da tropicália desse modo. Ela não morre mais".
O novo "novo baiano" Carlinhos Brown batucou na mesma tecla. "O tropicalismo é eterno", afirmou.
Na genealogia traçada por Brown, a "cultura dos trópicos" tem muito mais do que três décadas. Ela começa com uma "arca de Noel" (Noel Rosa).
O músico enxerga a própria nascente de seu trabalho na correnteza da tropicália. "Surgi disso."
 
Perfil
Além de reunir dezenas de descendentes dos "tropicantes", como Brown, o Solar do Unhão, conjunto de casas do século 16 no qual funciona o museu, também recepcionou personagens que ajudaram a desenhar o perfil tropicalista.
Rubens Gerchman é um deles. O artista plástico carioca, um dos injetores do conceitual na arte brasileira, lembra que, em 1965, a diretora do MAM-RJ barrou a entrada de sambistas trajando "parangolés" de Oiticica na instituição.
Três décadas depois, lá estava um grupo deles batucando dentro de um MAM, o da Bahia. "A história mudou", disse o artista.
Para o poeta Waly Salomão, outro escavador de raízes tropicais, a história não mudou. Evocando Marx, disse que ela apenas se repete (mas não como farsa).
Tunga, que, ao lado de Arthur Barrios, preparou uma monumental mistura de instalação e performance para o evento de anteontem, vê as recorrências como resultados de um movimento pendular da cultura.
"O tropicalismo de Hélio Oiticica alargou fronteiras abertas por Oswald de Andrade, Gilberto Freyre, Câmara Cascudo. Esses brasileiros revitalizaram a perspectiva de uma arte ligada às linguagens e não às formalidades. O pêndulo da cultura volta a descobrir essa diversidade. Nisso o tropicalismo foi intenso", amarra.
"Sopas", trabalho que sobrepõe as poéticas de Tunga e de Barrios, não é, para os dois artistas, uma obra pré, durante ou pós-tropicalista.
Em comum com o tropicalismo, existe a busca de uma "postura que tenha como leite a poética. O fazer, mais do que a busca de uma profissão", segundo Tunga.
"Sopas", que os artistas dedicam ao marchand Fernando Millan, que morreu nesta semana, envolve a ambientação de uma sala com elementos tão distintos como carrinhos de feira e ossos, sacos de batata e quilos de sal grosso. No centro desse espaço ficam caldeirões nos quais Cornélia, mulher de Tunga, prepara uma sopa para servir ao público.
 
Bananas e vinho
Além desse caldo "pancultural" de Tunga e Barrios, havia a opção de um cardápio cultural com bananas e vinho.
Esses itens foram oferecidos ao público durante a leitura dramática de "Vida, Paixão e Banana", que Capinam e Torquato Neto escreveram em 1968 e que não puderam montar.
O comando da peça foi do mais uma vez dionisíaco Zé Celso Martinez Corrêa, que dominou o público por mais de três horas, fazendo a festa tropicalista, que começou às 21h, terminar às 3h da sexta-feira 13.


O jornalista Cassiano Elek Machado viajou a convite do Museu de Arte Moderna da Bahia












Revista CARAS 
Edição nº 226 - Ano 5 - nº 10 - 6/3/1998

 


40 artistas baianos

Alberto Pita
Angela Cunha

Bel Borba
Beth Sousa

Caetano Dias
Carlos Bastos
Celeste Almeida
Celuque
César Romero
Chico Liberato

Daniela Steele

F. Macedo
Fernando Coelho
Florival Oliveira

Graça Ramos
Guache Marques

Iuri Sarmento

Jamison
João Pereira
Juarez Paraíso
Juraci Dórea

Leonel Mattos
Lígia Aguiar
Lula Martins
Lula Queiroz

Marcia Abreu
Marcia Magno
Maria Aidar
Murilo

Oliva

Paulo Pereira
Reinaldo Eckenberger
Rener Rama

Sante Scaldaferri
Sérgio Rabinovitz
Sonia Rangel

Vauluizo Bezerra
Yedamaria

Zau Pimentel
Zélia Nascimento


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