viernes, 15 de enero de 2016

1998 - BHAGAVAD GITA - Canção do Divino Mestre



"O objetivo principal desta tradução da Gita em versos foi encontrar uma forma que facilitasse sua retenção mnemônica, para incorporá-la de maneira mais profunda em nossa língua e cultura, popular sem pretensão erudita de perfeição" (Rogério Duarte)



"considero muito significativo que só com esta de Rogerio Duarte eu tenha me sentido próximo desse grande poema" (p. 9).
(Caetano Veloso, Prefácio)








Canção do divino mestre, tradução poética, do sânscrito, do Bhagavad Gita.


O GLOBO

5/4/1998


MILENARES CANTOS DO HARE KRISHNA NUM ENCONTRO DE CONTEMPORÂNEOS DA TROPICÁLIA
 
Antonio Carlos Miguel


 










 

São Paulo, sexta, 21 de março de 1997.

Tropicalista cria ‘cordel hindu’

O poeta baiano Rogerio Duarte usa métrica dos cordelistas para traduzir o "Bhagavad Gita", clássico da literatura oriental; livro deverá ter prefácio de Caetano Veloso

Armando Antenore
da Reportagem Local

Um baiano de Ubaíra acaba de construir uma inusitada ponte entre o cordel nordestino e a Índia. Há duas semanas, o poeta, violonista e programador visual Rogerio Duarte -um dos mentores do tropicalismo- terminou a tradução do "Bhagavad Gita" (pronuncia-se "bagavad guita"). O texto é um clássico da literatura oriental. Insere-se na tradição védica, aquela que reúne as escrituras sagradas do hinduísmo, a milenar religião dos indianos. Costuma-se encará-lo como um livro isolado. Mas, na verdade, as 700 estrofes do "Gita" fazem parte de um poema épico bem maior: o "Mahabharata" (diz-se "marrabárata"), que nasceu há cerca de 5.000 anos e soma 250 mil versos. Muitos especialistas consideram que a epopéia dos hindus forneceu as matrizes para todas as sagas heróicas posteriores, incluindo a "Ilíada" e a "Odisséia", do grego Homero. Como vê semelhanças entre o épico indiano e a literatura de cordel, Rogerio Duarte, 57, resolveu traduzir o "Gita" de maneira bastante singular. Verteu os versos do sânscrito ("Uma língua com alto nível de eufonia e musicalidade") para o português usando a métrica dos cordelistas. O resultado deverá chegar às livrarias em julho, sob o título de "Canção do Divino Mestre". A Companhia das Letras se encarregará da publicação. Caetano Veloso -que prometeu escrever o prefácio- já fez a revisão métrica do texto, com auxílio do compositor Carlos Rennó. No fim do livro, um glossário explicará o significado dos termos que Duarte preferiu manter em sânscrito. No início, haverá uma introdução do próprio tradutor com o resumo do "Mahabharata", a contextualização filosófica da epopéia e uma série de considerações sobre a prosódia da poesia hindu. Historiadores acreditam que os portugueses introduziram o "Gita" no Ocidente durante o século 17. Entretanto, a versão que o tornou mais conhecido é a do inglês Charles Wilkins e data de 1785. Grandes literatos já manifestaram respeito pelo livro. O poeta alemão Goethe, por exemplo, classificou-o como "a mais sublime canção da religião dinâmica".

Lampião
Rogerio Duarte começou a tradução do "Gita" em 1978. Quinze anos antes, militava no Partido Comunista e produzia cartazes para filmes do Cinema Novo (como "Deus e o Diabo na Terra do Sol", dirigido por Glauber Rocha).
Em 1967, integrou o grupo que concebeu as linhas teóricas do tropicalismo.
O movimento cultural procurava fundir o regionalismo e a tradição à modernidade para criar produtos capazes de se inscrever no panorama artístico mundial.
O poeta de Ubaíra, porém, não se limitou à gênese intelectual da revolução. Também pôs a mão na massa participando de performances com o artista plástico Hélio Oiticica ou compondo com Gilberto Gil e Caetano Veloso.
Preso e torturado em 1968 por razões políticas, Duarte se afastou do marxismo para cultivar a religiosidade.
Uma década depois, virou hare-krishna, batizou-se como Raghunatha e saiu pelo país vendendo livros e incensos.
Aproveitou para aprender sânscrito e se debruçar sobre o "Gita", que já possuía edições brasileiras. "Queria traduzi-lo à maneira dos cordelistas e divulgá-lo pelas praças", conta.
Duarte percebeu que o sânscrito se adapta perfeitamente à métrica nordestina. Por isso, transformou boa parte do "Gita" em redondilhas maiores, os versos de sete sílabas que predominam no cordel. Abriu mão, contudo, das rimas.
O poeta ainda aponta outra similaridade entre as duas literaturas. O narrador do "Gita" -o vidente Sanjaya- não presenciou os fatos que relata.
"Os cordelistas fazem o mesmo. Divulgam as aventuras de personagens como Lampião sem nunca os ter conhecido."





Um projeto de CARLOS RENNÓ
Sobre a obra Bhagavad Gita – Canção do Divino Mestre
Tradução de ROGÉRIO DUARTE
Produção artística de CARLOS RENNÓ
Produção musical de CID CAMPOS
Companhia das Letras
 


 
Bhagavad Gita - Canção do Divino Mestre. Tradução do sânscrito por Rogerio Duarte; Companhia das Letras, 1998, 221 pp.
 





1998
Álbum “Canções do Divino Mestre”
[Varios intérpretes]
 
1. OBSERVANDO OS EXÉRCITOS (Rogerio Duarte) Rogerio Duarte/Alberto Marsicano
2. LEITURA DE ROGERIO DUARTE
3. O LAMENTO DE ÁRJUNA (Chico Cesar/Rogerio Duarte) Chico César
4. A ETERNIDADE DA ALMA (Gilberto Gil/Rogerio Duarte) Gilberto Gil
5. LEITURA DE ROGERIO DUARTE E WALY SALOMÃO
6. EXORTAÇÃO À LUTA (Siba/Rogerio Duarte) Siba
7. A ESPADA DO SABER TRANSCENDENTAL (Belchior/Rogerio Duarte) Belchior
8. QUEM PARTE NA LUZ, QUEM PARTE NAS TREVAS (Tom Zé/Rogerio Duarte) Tom Zé
9. OFERENDA A MIM (Roberto Mendes/Rogerio Duarte) Gal Costa e Mou Brasil
10. A BASE DO SUPREMO (Moreno Veloso/Rogerio Duarte) Moreno Veloso, Pedro Sá e Quito
11. A PESSOA SUPREMA (Péricles Cavalcanti/Rogerio Duarte) Péricles Cavalcanti
12. LEITURA DE WALTER SILVEIRA
13. AS QUALIDADES DAS PESSOAS DE NATUREZA DIVINA (Arnaldo Antunes/Rogerio Duarte) Arnaldo Antunes
14. O HOMEM DEMONÍACO (Arrigo Barnabé/Rogerio Duarte) Arrigo Barnabé
15. LEITURA DE WALTER SILVEIRA
16. O COMEDOR DE CACHORRO (Cid Campos/Carlos Rennó/Rogerio Duarte) Cássia Eller e Luiz Brasil
17. DEVE-SE PENSAR EM DEUS (Maharaj/Ivan Bastos/Rogerio Duarte) Maharaj
18. A PESSOA TRANSCENDENTAL (Roberto Mendes/Rogerio Duarte) Jussara Silveira
19. A VISÃO DO YOGUI SINCERO (Tuzé de Abreu/Rogerio Duarte) Ana Amélia e Rogerio Duarte
20. MAHA MANTRA (Tomaz Lima/Rogerio Duarte) Tomaz Lima
21. LEITURA de TAINA GUEDES
22. LEITURA de LENINE
23. A REFULGÊNCIA DE DEUS NA FORMA UNIVERSAL (Raghunatha Das/Rogerio Duarte) Rogerio Duarte
24. A VISÃO DE KRISHNA NA FORMA UNIVERSAL (Lenine)
25. LEITURA de LENINE
26. LEITURA de TAINÁ GUEDES
27. A SEMENTE ORIGINAL (Geraldo Azevedo/Rogerio Duarte) Geraldo Azevedo
28. QUE É MUITO QUERIDO A MIM (Geraldo Azevedo/Rogerio Duarte) Elba Ramalho
29. A LOUVAÇÃO DE KRISHNA POR ÁRJUNA (Walter Franco/Rogerio Duarte) Walter Franco
30. A OPULÊNCIA DO ABSOLUTO (Oliveira De Panelas/Rogerio Duarte) Oliveira de Panelas
31. O PAI DO UNIVERSO (Gilberto Mendes/Rogerio Duarte) João Duarte
32. FINAL (A conclusão de Sánjaya) (Alberto Marsicano/Rogerio Duarte) Rogerio Duarte e Alberto Marsicano






9. OFERENDA A MIM
(Bhagavad Gita musicado: Roberto Mendes/Rogerio Duarte)
Gal Costa con Mou Brasil
1998
 
Se alguém quiser me ofertar
Com amor e devoção
Fruta, folha, flor ou água
Aceitarei a oferenda
Ó, descendente de Cunte
O que quer que você faça
O que quer que você coma
O que quer que você dê
Tudo isso deve ser feito 
Como uma oferenda a mim.



10. A BASE DO SUPREMO
(Bhagavad Gita musicado: Moreno Veloso/Rogerio Duarte)
Moreno Veloso con Pedro Sá y Quito Ribeiro
1998

Sou a base do supremo, absoluto e pessoal
Que é a eterna natureza do prazer transcedental

E sou a base do supremo, absoluto e pessoal
Que é a eterna natureza do prazer transcedental

Eu sou, eu sou,
transcedental...



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