viernes, 7 de septiembre de 2012

1995 - O MANDARIM



“Lembrar Mário Reis em um filme é maravilloso. Ele foi o pioneiro em algumas coisas que influenciaram muito a bossa nova: tinha uma voz pequena, de pouca intensidade, e, assim como João Gilberto, teve fidelidade por toda vida a um estilo inventado por ele, a um repertório”.

[Caetano Veloso, 1995]



Caetano canta Alguém cantando, Minha mulher e Oração ao tempo


















Chico Buarque no papel de Noel Rosa em cena de "O Mandarim" (1995), 

filme de Júlio Bressane, com Fernando Eiras, Giulia Gam e Drica Moraes.

Foto: Luciana Whitaker/Folhapress















 

















































 







São Paulo, segunda-feira, 6 de novembro de 1995


'O Mandarim' traz a história de Mário Reis


JOSÉ GERALDO COUTO
DA REPORTAGEM LOCAL


Filme: O Mandarim
Produção: Brasil, 1995
Direção: Julio Bressane
Elenco: Fernando Eiras, Giulia Gam, Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano Veloso, Gal Costa
Quando: pré-estréia hoje, às 21h30, em cartaz a partir de sexta-feira
Onde: Espaço Banco Nacional de Cinema

 

 

A história do cantor Mário Reis, com grandes nomes da música popular no elenco. Eis uma sinopse exata e ao mesmo tempo enganosa de "O Mandarim", 19º longa-metragem de Julio Bressane, que tem pré-estréia hoje em São Paulo.

O espectador que for ver o filme com espírito de tiete ou de frequentador de coluna social corre o risco de sair desnorteado.

O cinema de Bressane é tão generoso em idéias quanto avaro em concessões ao espetáculo e ao entretenimento fácil.

"O Mandarim" não é uma reconstituição realista da vida de Mário Reis, nem um documentário sobre sua carreira. É uma leitura muito pessoal e complexa da história música popular brasileira deste século, mas não só.

É o retrato de um personagem que concentra em si inúmeros significados, mas sobretudo o de representar uma ponte entre a tradição ancestral do morro e a cultura urbana contemporânea.

Para extrair o máximo dessa fecunda trajetória pessoal e artística, Bressane lança mão de seu procedimento habitual de sobrepor informações e semear alusões.

Ao fazer o papel do sambista Sinhô, por exemplo, Gilberto Gil é um ator que representa Sinhô, mas é ainda o próprio Gil, com todo o significado que essa identidade carrega -e tudo o que ele diz e faz durante o filme está impregnado dessa terceira figura, já uma idéia, formada pela justaposição de Sinhô e Gil.
Sentido da música.

Nessa utilização de figuras célebres da canção popular no papel de mestres do passado há toda uma construção de sentido da música brasileira, e do lugar desta na cultura do país e do mundo.

Pode-se censurar, nessa orgia semiótica, uma certa perversão pelo excesso. No limite, só pode compreender plenamente o filme quem souber ler todos os seus sinais, incluindo os ideogramas chineses (se é que são chineses) que aparecem aqui e ali.

É isso que torna o cinema de Bressane estimulante para uns e irritante para outros -e às vezes as duas coisas para o mesma pessoa.











 








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